Protestos_pelo_Boston_Globe_529_x_300A crise econômica pode ter afetado definitivamente a confiança dos americanos na imprensa, nas grandes corporações e no governo, com uma mensagem para a mídia tipo, “quando a notícia é ruim, mate o mensageiro”. Esse é o resultado de recente pesquisa de âmbito nacional nos EUA. Somente 5% dos 568 respondentes da pesquisa têm uma grande confiança na mídia, comparado a 60% da amostra que disse ter pouca confiança e 35% alguma confiança. Só as igrejas se salvam.

A confiabilidade das grandes corporações também foi atingida. 52% dos entrevistados têm pouca confiança, enquanto 41% alguma. Apenas 8% disseram ter muita confiança nas corporações. Com a crise, até os bancos perderam um de seus principais ativos. No ranking de confiança das casas bancárias, 13% têm muita, enquanto 51% responderam “alguma” e 36% pouca confiança.  

Este é um tempo de ruptura econômica e social. Muitos americanos não conhecem em quem eles devem confiar, disse Ken Eudy, da Capstrat, empresa que fez a pesquisa. “Agora é o tempo de empresas de negócios e da mídia assegurarem-se de que suas práticas de negócios, com clientes,  empregados e outros stakeholders são legais e transparentes.

A imprensa, disse Eudy, está tentando entender como uma pobre economia em transformação muda os hábitos de consumo na mídia. “As baixas taxas de confiança na mídia podem estar refletindo o fato de que algumas empresas de comunicação estão cortando custos, reduzindo staff ou ainda perdendo negócios. Mas é também verdade que alguns poucos consumidores gostariam de acabar com o mensageiro pelas notícias ruins.
Segundo a Capstrat-Public Policy Poll, existem outros resultados interessantes na pesquisa:


Metade dos eleitores americanos dizem ter muita confiança nas igrejas. 28% alguma confiança e 22% não confiam.

O governo é mais bem considerado do que as corporações, com 23% dos entrevistados dizendo ter muita confiança no governo e 50% pouca confiança.

Comparados com as grandes corporações (apenas 8% têm muita confiança), os pequenos negócios reportam um alto nível de confiança para 40% dos respondentes.

Mas 57% dos americanos não confiam nos sindicatos. Somente 12% confiam nessas instituições.


Quem gosta de pesquisa política, pode encontrar outros dados interessantes em www.publicpolicypolling.com.

No Brasil imprensa ainda tem credibilidade média

Pesquisa da Associação dos Magistrados do Brasil (AMB), realizada em meados de 2008, revelou, pela ordem, as instituições brasileiras com maior credibilidade junto à população: Forças Armadas, Igreja Católica, Polícia Federal, Ministério Público, Imprensa e Judiciário.

Nessa pesquisa, 72% dos brasileiros afirmaram não confiar nos partidos políticos. Os partidos e a Câmara dos deputados ficaram com a pior avaliação entre as instituições pesquisadas. As Forças Armadas (79%), a Igreja Católica (72%) e a Polícia Federal (71%) ficaram com as melhores avaliações quanto à confiança. Logo abaixo, em outro patamar vêm o Poder Judiciário, a Imprensa e o Ministério Público. As instituições político-partidárias têm o menor índice de confiança (22%). A imprensa ficou com 58% de aprovação.

A pesquisa avaliou também a principal fonte de informação que os pesquisados utilizam para se informar. O resultado – com nota de 0 a 10 – deu o 1º lugar para a TV com 7.4, o Rádio e o Jornal com 6.0 e, agora a Internet com 5.0, praticamente, empata com o Radio e os Jornais. As Revistas, por sua vez, ficaram com nota 1,0.

Queda de receitas on line agrava crise dos jornais americanos

A receita de publicidade on line, um dos indicativos de que a mídia, pelo menos na internet, ainda tem força, estava resistindo bem à crise. Estava. Novo estudo, liberado na semana passada, mostra que o mal-estar fiscal finalmente atingiu a globosfera digital.

De acordo com dados do Interactive Advertising Bureau e a PricewaterCoopers, receitas da mídia online no mercado americano atingiram R$ 5,5 bilhões no primeiro quadrimestre de 2009, caindo 10% em relação a 2008. Ano passado, foram US$ 6,1 bilhões no último quadrimestre. Caiu também  5% em relação aos primeiros quatro meses de 2008. É a primeira baixa desde o estouro das ponto.com em 2002.

A notícia, diz a publicação The Christian Science Monitor, é embaraçosa para revistas e jornais, que tinham virado o foco para a web, para evitar uma queda maior da receita. Nos últimos meses, muitas publicações reduziram ou cortaram a edição impressa. Em fevereiro, o The Rocky Mountain News, o mais velho jornal do Colorado, suspendeu a edição impressa.  Em março, o Seattle Post-Intelligencer fechou. Os grande jornais americanos também acabaram com os suplementos literários. Algumas cidades americanas correm o risco de ficar sem qualquer jornal impresso.

Outros jornais tradicionais, como o The Boston Globe, estão lutando contra o queda nas vendas avulsas e na receita de publicidade,  enquanto estuda uma nova estratégia de marketing na web. Ainda na semana passada, o sindicato dos empregados recusou uma proposta de redução de salários para salvar o jornal. O grupo New York Times, proprietário do jornal, jogou o problema para os sindicatos e garantiu que, se não houver consenso, quanto à redução de despesas, o jornal vai fechar.

Apesar desses números desalentadores, Randall Rothenbert, CEO do IAB, disse que havia motivos para esperança. “Nós estamos confiantes de que o crescimento virá assim que a economia crescer”, disse Rothenberg. A publicidade interativa é o caminho mais adequado para conquistar clientes– e nesta economia, a mídia digital será o componente principal e o grande responsável por qualquer campanha de marketing, diz a publicação.

Jornais britânicas publicam tarja preta em protesto

Os principais jornais britânicos circularam ontem (20/06) com uma tarja preta na primeira página, em protesto contra a censura da publicação oficial na internet dos gastos dos membros do Parlamento. Grande parte das informações dos gastos dos políticos estava coberta por uma tarja negra.

A polêmica também envolveu a publicação e liberação dos dados na internet. O Parlamento teria realizado despesas elevadíssimas para preparar a publicação dos documentos censurados. A alegação foi que muitas informações, a pedido dos deputados, precisavam ser preservadas por questões de segurança, como endereços residenciais e itinerários de viagens.

The Times, The Guardian, The Independent e The Daily Telegraph foram os grandes jornais que saíram com tarjas negras na primeira página, num protesto inédito na Inglaterra.

Se a moda pega em certo país, logo abaixo do Equador, e a esperar transparência de nossos políticos, no momento em que o Congresso Nacional atola em denúncias, é possível que brevemente tenhamos grandes jornais brasileiros circulando com uma grande tarja negra na primeira página.

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