maluco2Um estudante de 18 anos usou ontem um pistola calibre 22 para assassinar cinco meninos, duas meninas e a diretora de uma escola de Tuusula, a 50 quilômetros de Helsinque, capital da Finlândia. O atirador tentou se matar com um tiro na cabeça, os policiais  socorreram e ele morreu no hospital.   Se você pensa que essa notícia foi publicada nos jornais de quarta-feira, dia 24 de setembro, enganou-se. Foi em 8 de novembro de 2007. Sim, um estudante da Finlândia, no ano passado, postou mais de 80 vídeos no You Tube, alguns apontando uma pistola em direção à câmera. Um dia depois, foi à escola e assassinou a tiros sete colegas e a diretora.

Agora, a reprise desse ato maluco.  O assassinato de nove estudantes , em 23 de setembro, na Finlândia,  traz à tona uma constatação elementar no estudo das crises empresariais. A maioria delas dá sinais evidentes antes de acontecer. É só estar atento. Os especialistas asseguram que dois terços das crises poderiam ser evitadas, se as organizações dessem melhor atenção às decisões da diretoria, ações dos empregados, dos concorrentes, a reportagens ou pequenas notas publicadas na imprensa. Antes de ocorrer, a crise emite sinais. Foi o que aconteceu na Finlândia.  Ou seja, a crônica da crise anunciada.

Só a polícia da Finlândia não sabia disso no recente massacre. Ela deteve um dia antes o estudante assassino, denunciado por causa das ameaças postadas no You Tube, praticamente iguais às colocadas um ano antes por outro jovem em uma cidade do interior.  O atentado agora foi numa escola técnica de Kauhajoki, interior do país (350 km de Helsinque). Mas a polícia parece que não aprendeu com a crise anterior. Desprezou o alerta. Liberou o estudante, por não haver razão legal para detê-lo ou para confiscar sua arma. Excesso de zelo ou imperícia para lidar com crises? No outro dia, ele invadiu a escola e fez o que vinha prometendo há muito tempo. Disparou contra várias pessoas, matando nove.  Depois, como quase sempre acontece, deu um tiro na cabeça. Exatamente um videoteipe do que aconteceu em 2007.

A polícia da Finlândia provavelmente não conhece o relatório anual produzido pelo Institute for crises Management, dos Estados Unidos. Na última edição, que resume dez anos de crises mundiais, 65% delas não ocorreram de surpresa. Foram crises que deram sinais de que iriam acontecer.  Crises previstas, portanto, como essa acontecida na pacata cidade finlandesa. Em documentos encontrados no apartamento do estudante, a polícia descobriu que ele planejava o atentado desde 2002, porque “detestava a raça humana”. Um sistema de prevenção e gestão de risco, poderia ter evitado as tragédias?

No relatório divulgado pelo ICM, um dado chama a atenção. 15% das crises acontecidas no mundo, o maior índice, dentre as especificações constantes, decorrem de violência no trabalho. Lamentavelmente, o ícone dessa categoria acabou sendo o triste espetáculo de assassinatos em escolas, como acontece seguidamente nos Estados Unidos e, agora, também na Europa. Esse tipo de tragédia, pouco comum no Brasil, está se tornando uma obsessão para os diretores de escolas superiores e médias dos Estados Unidos. Entretanto, é bom ficar atento. No Distrito Federal apenas no mês de setembro já foram registrados vários casos de violência envolvendo estudantes em escolas públicas. Alunos armados ou tiroteios com balas perdidas ferindo crianças têm sido freqüentes no DF, Rio de Janeiro e São Paulo.

Nenhuma tragédia, entretanto, supera o que aconteceu em Beslan, na Ossétia do Norte, interior da Rússia, em 2004. Terroristas chechenos e árabes, ligados à Al –Qaeda, invadiram uma escola e mantiveram como reféns mais de 1200 pessoas. Três dias depois, após explosão na escola e dos terroristas atirarem em crianças que fugiam, os militares russos atacaram. Os terroristas, então, começaram a massacrar crianças e adultos, entre eles os professores. Foram cerca de 344 civis mortos, sendo 186 crianças e 700 feridos. Deve ser a maior tragédia acontecida numa escola na história.

Diante do está acontecendo nos Estados Unidos e na Finlândia, pergunta-se o que as escolas estão fazendo para proteger seus alunos? Se a própria polícia é surpreendida por um maníaco que, na internet, deu sinais iguais aos de 2007, o que as autoridades estão esperando para admitir que existe um risco hoje ameaçando universitários e crianças, principalmente em países desenvolvidos. Não cabe aqui, analisar o que leva jovens de classe média alta, em países com padrão de vida elevado, a odiar a vida e sair atirando nos próprios colegas. Seria a falta de desafios e de motivação para a vida?

A pergunta que fica é a mesma feita em artigo publicado neste site, quando do massacre da Universidade Virgina Tech, em abril de 2007.  Por que esses países são tão rápidos e eficientes em barrar estrangeiros nos aeroportos, causando até mesmo constrangimentos, e são tão lentos e atrapalhados quando se trata de proteger suas próprias crianças e estudantes?


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