A nova geração da internet está mostrando que esse paraíso não existe. Toda uma geração de blogueiros e comentaristas que trabalham em casa são vítimas do stress da nova tecnologia. Eles trabalham até a exaustão e ganham por posts ou comentários colocados nos blogs. O tema foi abordado pelo The New York Times e deixou muita gente preocupada. É uma força de trabalho de empreendedores que fizeram o próprio negócio em casa. Munidos apenas de computador, celulares de última geração e wireless, eles se mantêm conectados 24 horas por dia.
A preocupação dessa geração é com o resultado desse stress. No início de abril dois comentaristas morreram nos Estados Unidos repentinamente. Um produtivo blogueiro de tecnologia morreu aos 60 anos de ataque cardíaco. Estava no hotel, fora de sua cidade, cobrindo evento na área de tecnologia. Em dezembro, outro comentarista de sites da internet morreu aos 50 anos por problemas coronarianos. E um terceiro sobreviveu a ataque cardíaco.
Esses fatos acenderam o alerta entre a comunidade que vive escravizada pela internet. As queixas mais comuns dos blogueiros é a perda ou ganho de peso, insônia, exaustão e outras doenças que acompanham a ânsia de trabalhar sem parar, num círculo que gira em torno de notícias e informações.
Embora não haja uma confirmação de que as mortes se devem ao uso intensivo da internet, os colegas e outros profissionais começaram a se preocupar com o perigo de um estilo de vida que não dá margem ao descanso ou ao exercício físico, ainda que a remuneração seja muito boa. Os ganhos podem ser fixos ou por posts colocados na internet. Calcula-se que o ganho mínimo é de 10 dólares por post, numa escala crescente de acordo com a demanda e a audiência. Eles também recebem bônus, caso a página alcance um número elevado de pageviews, como 100 mil ao mês, por exemplo. Quanto mais escrevem, mais ganham. Daí o caminho natural do stress.
Os ganhos são variados, tanto podem ser milhares de dólares por mês, para aqueles que conseguiram fazer sucesso, como mil dólares para os que ainda estão engatinhando. Isso depende do profissional e do tema do blog. A palavra-chave é velocidade. Quanto mais rápido, mais condições de publicar primeiro um furo. Mesmo dormindo, alguns profissionais ficam monitorando os sites para não levar furo.
Não há estatística de quantas pessoas sobrevivem nesse meio nos Estados Unidos, mas o NYT calcula que são milhares e talvez dezenas de milhares. A emergência dessa classe de trabalhadores da informação acompanhou o crescimento da economia on line. A expansão das publicações foi acompanhada também pelo aumento da publicidade, o que multiplica os ganhos.
Mesmo nas companhias estabelecidas, diz o NYT, a internet tem mudado a natureza do trabalho, permitindo às pessoas montarem escritórios virtuais e trabalhar de qualquer lugar em qualquer hora. Esta flexibilidade tem um preço. Os trabalhadores estão sempre a um clique de serem acionados pelo escritório a qualquer hora. Isso leva os empregados obsessivos a nunca deixarem a própria casa. Ou seja, eles nunca relaxam.
A legião de cronistas on line inclui comentaristas de esportes, política, negócios, celebridades e outros nichos que possam dar audiência. Embora alguns escrevam por diversão, milhares escrevem para publicações on line, como empregados ou terceirizados. Alguns têm os próprios sites. Mas os mais disputados são os blogs sobre desenvolvimento tecnológico e notícias, que vivem numa autêntica gincana pelo furo.
No Brasil, não deve ser diferente. Uma das primeiras providências do Correio Braziliense, que lançou o próprio site no dia 21, foi anunciar uma equipe selecionada de blogueiros para compor o site e escrever ou falar sobre os mais diversos assuntos. A concorrência aperta cada vez mais nessa área e os furos não provêm mais dos jornais, da TV ou do rádio, mas desses profissionais, que ficam antenados noite e dia para sair na frente até mesmo das agências on line.