A semana que se encerra hoje (19) mostrou que a bruxa se soltou desde o domingo passado. Não bastasse o impasse para saber se o histórico encontro de Donald Trump com o ditador da Coreia do Norte Kim Jon Un vai acontecer, trapalhadas no jogo de gato e rato entre os dois países poderá frustrar o encontro. Até porque os protagonistas não são pessoas que agem com o senso da razão.
No Oriente Médio, onde as crises nunca acabam, o tresloucado gesto de Donald Trump transferir a embaixada para Jerusalém, afrontando os palestinos, gerou conflitos cada vez piores na já conflagrada fronteira entre os dois povos. A repressão comandada por Israel contra os manifestantes causou 60 mortes, durante a semana, incluindo crianças. Falar em Acordo de Paz nessa região, com ações como essa, parece roteiro de um filme de ficção.
Papa intervém na Igreja do Chile
No outro lado, a Igreja Católica mais uma vez é escrutinada de forma negativa com as denúncias de pedofilia no Chile. E fato inédito, diante da gravidade dessa crise, todos os bispos do Chile colocaram o cargo à disposição do Papa (como se o cargo não fosse uma prerrogativa do Papa), para ele fazer as mudanças que julgar apropriadas. A crise da Igreja no Chile choca pelo número de pessoas envolvidas: 4 bispos, 60 sacerdotes e outros religiosos. Não foi feita ocorrência policial, mas o Papa quer o resultado da investigação para decidir sobre o futuro de alguns bispos que ficarão no limbo nesse momento. A crise do envolvimento de religiosos chilenos com pedofilia vem na esteira de crimes semelhantes ocorridos em vários países do mundo, significando uma mancha terrível para a reputação e até mesmo a credibilidade da Igreja Católica. Especulou-se até mesmo que a renúncia do Papa Bento XVI se deve também à dificuldade de lidar com esse tema.
A crise da Igreja, incluindo desvios financeiros no Banco do Vaticano, e pressões da cúria sobre o Papa Emérito Bento XVI, quando dirigia a Igreja, tem várias frentes, exacerbada é verdade pelas várias denúncias de pedofilia, principalmente em países como Estados Unidos, Alemanha, Bélgica, Irlanda, Brasil e Espanha. A crise da Igreja foi objeto de vários artigos neste site, destacando-se, entre outros: Spotlight - A imprensa quebrou a cultura do silêncio; Denúncias testam habilidade da Igreja Católica em enfrentar crises; A crise da Igreja Católica e os bastidores do Vaticano.
Rio de Janeiro continua lindo, mas perigoso
O Rio pode ser lindo, mas para quem vive ou transita pela capital e algumas cidades do interior a região se transformou numa grande ameaça. A violência no Rio perdeu a vergonha e saiu para a avenida. Antes ela acontecia em lugares ermos, escuros, onde não havia muito movimento. Era por vezes dissimulada. Agora é às escancaras, agravada pela possibilidade de sempre existir uma câmera, gravando tudo.
A qualquer hora do dia ou da noite, você pode ser surpreendido por um meliante ou uma quadrilha: invadem casas, estabelecimentos comerciais; assaltam carros, motos, pedestres. Como aconteceu nesta sexta-feira, num bairro considerado seguro, a Urca, no Rio de Janeiro. Um delegado aposentado e a filha foram atingidos por disparos na cabeça, ao terem o carro interceptado próximos à residência. Tiveram sorte em sair vivos, porque o carro ficou cheio de buracos de balas. Cerca de oito tiros foram dados no automóvel. Quem dá oito tiros não quer roubar apenas, quer matar. Uma semana para esquecer, em que uma menina foi morta por bala perdida; um bebê saiu ferido e mais três policiais foram assassinados.
Mais um massacre nos EUA
Os EUA continuam na triste sina de ver os estudantes serem covardemente assassinados por culpa de mais um atirador fanático, neste caso, aluno da escola, que usou um fuzil-metralhadora e atingiu pelo menos 20 alunos, professores e empregados da escola. Foi na cidade de Santa Fé, no Texas, logo na abertura das aulas.
Até sábado, eram 10 mortos e 10 feridos, maioria em estado grave. Entre os mortos, oito alunos e dois professores. Nem assim, Donald Trump e os caciques do partido Republicano se sensibilizam para patrocinar uma campanha de desarmamento ou, pelo menos, de restrições à compra e ao porte de arma. A arma usada pelo rapaz que cometeu atentado no Texas pertencia ao pai.
Essa triste rotina dos EUA está transformando 2018 como um dos anos mais letais para pessoas inocentes, que estão nas escolas ou trabalhando e são surpreendidas por fanáticos. O pior é reconhecer que este não foi o primeiro atentado do ano e certamente não será o último. Em 20 semanas de 2018, houve 22 atentados em escolas, mais de um por semana. São considerados atentados onde houve mortos e feridos. “Está acontecendo em todo o lugar. Santa Fé ficou triste, mas não surpresa pelo ataque a tiros”, manifestou um morador. Por enquanto, os EUA têm o mesmo dilema das empresas aéreas, sempre ameaçadas por um acidente grave: na crise dos atentados a escolas nos EUA, a polícia sabe que de uma hora para outra vai acontecer mais um; só não sabe onde e quando.
Avião cai em Cuba com 113 pessoas
Ao contrário de 2017, considerado um dos anos mais seguros para a aviação, este ano a bruxa realmente resolveu dar as caras. Na sexta-feira, um avião da empresa Cubana de Aviación caiu logo após decolar de Havana, para um voo doméstico, matando 110 pessoas, entre passageiros e tripulantes. Três mulheres sobreviventes estão em estado crítico. O avião, fretado pela companhia cubana junto à empresa mexicana Damohj, caiu em uma região de campos de cultivo próximo a Havana.
A aviação cubana tem um dos piores índices de acidentes por passageiros, principalmente porque usa uma frota antiga, com alguns aviões ainda da época em que dependiam da União Soviética.
Israel semeia o terror na Faixa de Gaza
Manifestações contrárias à instalação da embaixada americana em Jerusalém levaram Israel atacar ou “se defender”, como dizem as autoridades, jogando gás lacrimogêneo e usando balas letais contra manifestantes na Faixa de Gaza. A reação de Israel foi criticada em vários países, principalmente pelas imagens de civis e crianças fugindo dos ataques. Por qualquer ângulo que se analise essa crise, não há como ficar inerte ante o ataque do poderoso exército israelense contra uma multidão que usa os meios disponíveis para reagir ao “confinamento” a que são submetidos pela política de Israel. Falar em paz naquela região é o mesmo que falar com Trump para proibir o comércio livre de armas. Não há espaço para esses diálogos, enquanto diferenças históricas não sejam resolvidas.
Desemprego no Brasil mostra que recuperação é uma miragem
A julgar por alguns governantes e analistas econômicos mais otimistas, o Brasil estaria saindo da crise econômica em que foi mergulhado desde 2013. Certos indicativos realmente indicavam uma melhora. Mas esta semana prognósticos negativos frustraram uma recuperação mais rápida. Dados divulgados sinalizam que houve recuo no crescimento do país em março, após vários meses de crescimento, ainda que pífio; o dólar voltou a subir, ultrapassando a barreira dos R$ 3,70, maior nível desde abril de 2016, e o Banco Central deu uma segurada na redução das taxas de juros. O mercado não demorou a responder. Tudo isso fez o humor azedar, o que significou queda acentuada dos índices da Bolsa de Valores na quinta-feira, quando caiu mais de 3%. A média de queda na semana foi de 2,5%.
A indefinição política para as próximas eleições – cenário nunca visto nas últimas disputas para presidente da República – contribui para a crise econômica persistir. O mais grave de tudo isso foi a informação divulgada pelo IBGE na quinta-feira, com o número de desempregados e “desalentados” no mercado de trabalho brasileiro. Falta de trabalho atinge 27,7 milhões de pessoas. O que significa isso?
A taxa de subutilização da força de trabalho que inclui os desempregados, pessoas que gostariam de trabalhar mais, e aqueles que desistiram de buscar emprego, bateu recorde no primeiro trimestre, chegando a 24,7%, segundo informou o IBGE.
Ao todo, são 27,7 milhões de pessoas nessas condições, o maior contingente desde o início da série histórica, em 2012. Destes, 13,7 milhões procuraram emprego mas não encontraram. É esse o número oficial usado para caracterizar os desempregados no Brasil. Como se vê, a crise é muito pior do que poderíamos imaginar. Porque, se considerarmos uma média de duas pessoas para cada um dos brasileiros que procura trabalho, teríamos um contingente de 83 milhões de pessoas sem renda no país. O que realmente significa uma catástrofe para a economia.
E não há luz no fim do túnel, pelo que dizem os analistas econômicos. Estados Unidos colocam restrições às exportações do aço brasileiro; alguns países da Europa e da Ásia embargam a exportação de carne de frango brasileira. Pra completar, as reformas preconizadas pelo governo, para resolver o déficit público, não caminharam em sua maioria, principalmente a reforma da Previdência. Com o preço do petróleo em alta, se para a Petrobras pode ser um bom negócio, não ajuda a economia do País. Esse aumento tem reflexos em outros setores.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, Thiago Xavier, analista da Consultoria Tendências, diz que apesar da melhora dos indicadores de desemprego no ano passado, o mercado ainda resistirá a apresentar melhora consistente.
“As pessoas voltam a procurar emprego quando percebem que a economia está melhor. E, para o desemprego melhorar de forma sustentável, precisamos criar vagas para quem está na fila e também para quem deixou a fila ou vai ingressar nela em breve, o que não parece ser o cenário que temos à frente”, concluiu. Realmente, uma semana para esquecer.
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