Pesquisa com 900 membros da comunidade global, no Fórum Econômico Mundial* ocorrido em Davos, Suíça, em janeiro último, apontou os 30 riscos globais, nos próximos 10 anos. A pesquisa, que cobriu as áreas societária, tecnológica, econômica, ambiental e geopolítica, aponta também 12 tendências globais que devem ser levadas em conta para analisar os riscos do futuro.
Um "risco global" é definido pelo relatório do Fórum como um evento ou condição incerta que, se ocorrer, pode causar impactos negativos significativos para vários países ou indústrias nos próximos 10 anos.
“Tendência" é entendida como um padrão de longo prazo que está em evolução e que poderia contribuir para amplificar os riscos globais ou alterar a relação entre eles.
O resultado desse cruzamento de opiniões levou em conta o que eles chamam de “interconexões”. Como os riscos globais mais fortemente se interconectam com outros eventos negativos? Quais são as tendências de risco mais significativas e interconectadas que darão forma ao desenvolvimento global nos próximos 10 anos?
Cada pesquisado escolheu seis pares de riscos globais. Segundo o relatório publicado “pela primeira vez, os riscos mais interconectados eram “consequências adversas das tecnologias” e do “desemprego e subemprego”, ambos altamente relacionados com uma “profunda instabilidade social”. Talvez seja essa a marca mais significativa dos últimos anos, principalmente após a crise econômica.
Outra conclusão, segundo o relatório. “Vemos uma interconectividade ainda mais forte entre "falha na adaptação às mudanças climáticas", com "crises de alimentos e água", "eventos climáticos extremos" e "migração involuntária em grande escala".
Além de apontar os mais prováveis riscos globais, da mesma forma, para criar o Mapa de Interligações de Riscos e Tendências 2018, os entrevistados tiveram que identificar até três tendências que considerassem importantes para moldar a agenda global nos próximos 10 anos e os três riscos que são fortemente orientados ou conduzidos por cada uma dessas tendências.
As respostas, que serviram de base para a construção do mapa 2018 de interconexão dos riscos globais, não fogem muito do que aparece todos os dias nos noticiários da mídia. São os grandes problemas do mundo contemporâneo, alguns sem solução nos últimos anos, como os conflitos no Oriente Médio, a fome e as doenças na África e a falta de saneamento e urbanização em muitos países da Ásia, América Latina e África.
Lista das tendências globais que seriam “cabeças de chave” de outras ameaças às corporações e aos países: mudanças climática; degradação do meio ambiente; aumento da urbanização; aumento do sentimento de nacionalismo; mudança do cenário da governança internacional; deslocamento do poder; aumento da polarização da sociedade; crescimento da renda e disparidade da distribuição da riqueza; envelhecimento da população; crescente dependência cibernética; aumento da mobilidade geográfica; e crescimento da classe média em economias emergentes.
As interconexões de riscos globais
O mapa das interconexões dos riscos globais destaca como eventos relevantes que podem redundar em crises:
1. Falha na mitigação e adaptação às mudanças climáticas, com desdobramentos como crise de abastecimento de água e alimentos; e eventos externos relacionados ao clima (desastres naturais).
2. Migração involuntária em larga escala (como tem acontecido na Ásia, Europa e África nos últimos anos) que pode gerar colapso ou crise de estado (como acontece na Síria, Turquia, Yemen, Venezuela e outros países); profunda instabilidade social; falhas na governança natural; conflitos entre estados e até falha na governança local ou regional.
3. Profunda instabilidade social, gerando desemprego ou subemprego; consequências adversas de avanços tecnológicos.
4. Por último, embora não esgote a possibilidade de outros grupos não contemplados na pesquisa, exigindo constante monitoramento e alerta sobre crises, o grupo do cyberataque, que inclui fraudes e roubos de dados, até ataques terroristas e falhas dos mecanismos financeiros ou da própria instituição.
Cenários de risco em evolução
O relatório do Fórum Global também elegeu riscos em dois tipos de cenários:
1. Principais riscos globais em termos de probabilidade
- Eventos climáticos extremos
- Desastres naturais
- Cyberataque
- Fraude ou roubo de dados
- Falha na adaptação ou mitigação às mudanças climáticas
2. Principais riscos globais em termos de impacto
- Armas de destruição em massa
- Eventos climáticos extremos
- Falha na adaptação ou mitigação às mudanças climáticas
- Crise da água
Ao abertura do relatório do Fórum Econômico Mundial dá o tom do trabalho que os organismos internacionais têm, quando se trata de riscos globais: “Nós temos que trabalhar juntos - essa é a chave para prevenir crises e fazer o mundo mais resiliente para as gerações atuais e futuras. A humanidade não pode lidar com sucesso com o multiplicidade de desafios que enfrentamos sequencialmente ou isoladamente. Assim como os riscos globais são cada vez mais complexos, sistêmicos e em cascata, então nossas respostas devem ser cada vez mais interligadas entre os numerosos sistemas globais que compõem nosso mundo. Diálogo entre as partes interessadas continua a ser a pedra angular das estratégias que nos permitirá construir um mundo melhor”.
*A pesquisa foi realizada de 28 de agosto a 1 de novembro de 2017 entre as comunidades multipartidárias do Fórum Econômico Mundial, membros do Instituto de Gerenciamento de Riscos e as redes profissionais de membros do Conselho Consultivo. Os resultados do GRPS são usados para desenhar a Paisagem de Riscos Globais, Mapa de Interligações e Mapa de Tendências, e fornecer evidências adicionais usadas no Relatório de Riscos Globais.
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The Global risks & risks-trends interconnections maps 2018