Hoje a facilidade de realizar compras ou fazer operações bancárias pela internet é proporcional ao risco de ter dados pessoais roubados e ser vítima de fraudes cibernéticas. Os crimes aumentam em proporção maior à velocidade das facilidades oferecidas por sites de compras ou bancos.
Quanto mais fácil para o usuário, mais perigoso. As autoridades e empresas de segurança na internet também não conseguem acompanhar a esperteza dos hackers e especialistas em fraudes.
No início do mês, nos EUA, em encontro promovido pela Symantec e PandaLabs, duas empresas de segurança, foi apresentado estudo mostrando que dois terços da população on-line mundial já foi vítima de crimes pela internet e cerca de 3 milhões de sites falsos são criados por ano por piratas da rede. A ousadia dos hackers é tão grande que não existe hoje no mundo site invulnerável à invasão. Até a página do Pentágono já foi invadida.
O que nós, simples usuários, temos a ver com isso, se não entendemos de informática e muito menos temos uma página na internet? Simples. Se você utiliza o computador para qualquer tipo de serviço financeiro, faz compras on line ou movimenta a conta bancária pode tanto ser vítima, quanto responsabilizado pelos crimes cometidos por meio do seu computador.
As instituições financeiras estão cada vez menos dispostas a arcar com um prejuízo que pode chegar a R$ 2 bilhões por ano, no Brasil, segundo a Federação Brasileira de Bancos-Febraban. Ou seja, o correntista não toma precauções, se descuida, movimenta a conta e seus dados são capturados. Quando ele vê, já estão sacando na sua conta-corrente. Os bancos não estão mais dispostos a arcar com esse prejuízo. Por isso, os advogados alertam que se você utiliza internet para movimentação bancária, a responsabilidade de segurança é também sua, ou seja, a responsabilidade do banco tem limite.
Se ficar provado que o usuário da conta não utiliza ou não atualiza antivírus, que se descuida, repetidas vezes, e acaba sendo alvo de fraudes, os bancos caem fora. Quem vai ser responsabilizado é o correntista. O mais grave é que pesquisadores em segurança estão alertando sobre as vulnerabilidades hoje existentes na rede mundial e da impossibilidade de existir mecanismos totalmente seguros, principalmente sites de bancos, e-commerce (sites de compra e venda). E sabem por quê?
Tudo começou com a necessidade de se certificar o site como seguro. Aquele cadeado, que garante que o site usa criptografia para se comunicar com os clientes. A multiplicação de "autoridades certificadoras", hoje no mundo, que, pelo crescimento da internet, acabam autorizando outras empresas, ou terceirizando esse serviço, coloca em risco toda a rede. Quem garante que a empresa certificadora da página é séria? Aliás, você nem sabe e nunca se preocupou com quem certificou.
É muito cômodo pagar as contas no fim de semana, sem sair de casa. Mas, se você é daqueles que não revisa o carro, só levando ao mecânico quando ele emperra ou não pega, se você não costuma ir ao médico, preventivamente. Só quando adoece. Certamente você também não faz prevenção de segurança em seu computador. Não usa antivírus e, se tem, não o atualiza. Certamente, você está correndo sério risco ao utilizar a internet para fazer compras on line, com cartão de crédito, ou movimentar a conta-corrente. Programas espiões podem ter capturado sua senha ou o número do cartão de crédito. E ninguém vai assumir o prejuízo. Muito menos os bancos.
Os crimes cibernéticos funcionam mais ou menos com os mesmo mecanismos de ataque que funciona para assaltos comuns. Quem se descuida, deixando pacotes no carro ou estaciona em locais ermos, está mais sujeito a assaltos. Assim também com a internet. As quadrilhas apostam nos descuidados. Abrir e-mails sem saber a procedência ou anexos, incluindo fotos ou vídeos, de qualquer pessoa. Executar arquivos sem checar a procedência. É nessas armadilhas que o desavisado cai e suas senhas são capturadas. Pequenas medidas de precaução, evitam dores-de-cabeça futuras.
Os bancos garantem que os sites são seguros. Não existe até agora nenhuma prova de invasão de contas, em bancos, que não sejam aquelas por senhas roubadas ou capturadas do cliente em operações fraudulentas. Nesse ponto o sistema bancário internacional e em especial o brasileiro avançaram muito. Mesmo assim, não há como os bancos reduzirem o número de fraudes, porque o correntista não investe em segurança. Além da dor de cabeça para registrar ocorrência, ir atrás do banco para ressarcimento e outros dissabores, há razões de sobra para o internauta cuidar melhor da segurança de seu computador. Ele pode ter a surpresa, na próxima fraude, de que o banco não está mais disposto a assumir o prejuízo. Porque quem deve cuidar da sua segurança é você.