Em cerca de 20 anos estudando, vivenciando, enfrentando crises corporativas, tanto como assessor, superintendente ou diretor de empresas públicas ou privadas, além de várias consultorias de crises, o profissional acaba aprendendo muito, a cada acontecimento negativo, nas empresas. Winston Churchill, o grande estadista britânico, responsável por administrar a participação do Reino Unido na Segunda Guerra Mundial, dizia: "Nunca desperdice uma boa crise". Primeiro, pode-se até questionar se existe alguma crise "boa". Crises sempre são desafios, que podem e devem ser administrados. As crises, inclusive as de outras empresas, nos ajudam a aprender como lidar com situações semelhantes. Por isso, todas as crises enfrentadas pela própria organização deixam alguns ensinamentos. Ou alertas.
Lições da Crise
Algumas conclusões a partir de experiências em administração de crise
- Não comemore porque conseguiu resolver o problema de hoje. Amanhã pode ser pior.
- Não vá de “peito aberto” tentando explicar qualquer tipo de pauta. Converse, analise, avalie a extensão da pauta. Só então adote a melhor maneira de atender ao jornalista.
- Os órgãos de fiscalização não titubeiam em vazar documentos antes até mesmo de você ficar sabendo. Prepare-se para esse inconveniente.
- Não adianta gastar energia com qualquer notícia negativa que aparece. Concentre-se naquilo que atinge os formadores de opinião.
- Não brigue com a notícia. Se o fato é extremamente negativo, admita. E explique que providência está tomando.
- Não tente minimizar o fato pela importância (valor) ou a desqualificação de quem denunciou. Se existe alguma prova, explique.
- Não minimize a internet. Ela pode pautar o jornal e a TV antes que você corrija a informação.
- Não fique preocupado com quem vazou. Isso a princípio não é problema seu. Explique o que vazou.
- Só convoque coletiva, se tiver algo muito importante para explicar. Caso contrário administre as notícias caso a caso.
- Cuidado com os repórteres inexperientes. Prefira sempre como interlocutor, na crise, repórteres com experiência, ainda que sejam aqueles com mais capacidade de mergulhar na matéria.
- Não poupe tempo para explicar exaustivamente pautas complicadas. Se preciso, utilize o apoio da área jurídica.
- Não sofra por antecipação. Se você deu uma boa explicação para o questionamento do jornlista, relaxe. Você cumpriu a sua parte. Se o jornalista distorcer ou não levar em conta suas explicações, existem outros meios de você se reposicionar.
- Faça valer a opinião da área de comunicação, sempre que julgar conveniente. Não se deixe levar pela força do cargo para aceitar soluções com as quais você não concorda.
- Quem determina o timing da imprensa é você. Não deixe que a área técnica ou jurídica comprometam a versão da empresa desrespeitando os horários de fechamento.
Uma boa Nota à imprensa, com informações consistentes, pode substituir uma entrevista coletiva e até mesmo a nota paga. Isso quando não for uma crise grave, que exija porta-voz, entrevista ou até mesmo a contratação de uma consultoria especializada. - Não tenha receio de gravar entrevistas por telefone, para sua segurança. Pode ter certeza de que o jornalista está fazendo o mesmo. Nos casos mais complicados, prefira o encontro pessoal.
(C) João José Forni