Olaf Lies, membro do conselho da Volkswagen e ministro da economia da Baixa Saxônia, disse em entrevista ao programa Newsnight, da BBC, nesta terça-feira (29) que alguns funcionários da empresa agiram criminalmente sobre a fraude com os testes de emissão dos carros da montadora.
Ele disse que as pessoas que permitiram essa decepção acontecer ou que instalaram o software, que permitiu que alguns modelos dessem leituras falsas de emissões, devem assumir a responsabilidade pessoal. Segundo o diretor, o conselho só ficou sabendo sobre os problemas na última reunião. Cerca de 11 milhões de carros com motor diesel são afetados pelo problema.
O membro do Conselho disse à BBC: "Aquelas pessoas que permitiram que isso acontecesse, ou que tomaram a decisão de instalar esse software agiram criminosamente. Eles devem assumir a responsabilidade pessoal."
E acrescentou: "Nós só descobrimos os problemas na última reunião do conselho, pouco antes de a mídia divulgar. Eu quero ser bastante transparente. Então, precisamos descobrir por que o conselho não foi informado antes sobre os problemas, quando eles já eram conhecidos há mais de um ano nos Estados Unidos.”
“Dano enorme”
O diretor ainda disse à BBC que a empresa não tem ideia ainda do total da conta para resolver o problema dos motores e cobrir os eventuais custos jurídicos decorrentes: "Dano enorme foi feito, porque milhões de pessoas perderam a fé na VW. Nós teremos, certamente, um monte de gente processando-nos por danos. Nós temos que fazer recall de muitos carros e isso tem que acontecer muito rápido."
Ele acrescentou que a empresa tem sido forte e que restabelecer a confiança será sua prioridade - e assegurou que a maioria dos 600 mil trabalhadores da gigante montadora não eram culpados da fraude.
Ainda acrescentou seu pedido de desculpas às já feitas por figuras importantes da empresa e disse: "Eu estou envergonhado que as pessoas nos Estados Unidos que compraram carros com total confiança estejam tão decepcionados."
A VW está trabalhando para fazer o recall do software nos 11 milhões de motores diesel envolvidos no escândalo de emissões. Seat é a mais recente marca VW a revelar que utilizou o dispositivo de emissão de fraude. Os problemas detectados por marca são: VW – 5 milhões; Audi – 2,1 mi; Skoda - 1,2 mi; Seat – 700 mil; Vans - 1,8 mi. Os clientes serão informados nas próximas semanas e meses sobre como será feito o recall, segundo o diretor.
Escândalo derrete as ações
Ainda segundo a BBC, o escândalo continua a atingir o preço das ações da VW. Nesta terça-feira, as ações da montadora caíram mais 1,5%, durante o pregão da manhã, em Frankfurt. A empresa perdeu 35% do seu valor de mercado desde segunda-feira passada.
Pesquisa com 62 investidores institucionais, pela empresa de consultoria de investimentos bancários Evercore, mostrou que 66% deles não iriam investir em ações da VW por seis meses ou até que ela esclareça os custos, multas e processos judiciais que terá de enfrentar.
Os efeitos também estão contaminando a economia local em torno da sede da VW, na cidade alemã de Wolfsburg. A cidade está esperando uma queda na receita de imposto da VW e o prefeito anunciou um congelamento do orçamento e proibição de novas contratações de trabalhadores do setor público.
O escândalo foi revelado após a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) constatar que alguns carros a diesel da VW foram equipados com dispositivos que poderiam detectar quando o motor estava sendo testado, e poderiam mudar o desempenho para melhorar os resultados.
A Volkswagen, maior montadora do mundo, pediu desculpas por violar a confiança dos consumidores. Na sexta-feira a empresa anunciou que Matthias Mueller estava substituindo Martin Winterkorn como presidente-executivo. O novo CEO prometeu uma investigação "implacável" para descobrir o que deu errado. Ele disse que o grupo está "enfrentando o mais severo teste de sua história." As informações são do programa Newsnight, da BBC, publicadas na BBC News.
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