A tragédia com o avião da TAM ocorrida nesta terça-feira (17/07) mostra mais uma vez a necessidade de um programa preventivo de comunicação para situações graves como a de um acidente destas proporções.
Entre os vários intervenientes nessa tragédia, que vai do Governo à empresa aérea, passando por Ministério da Defesa, Comando da Aeronáutica, Anac, Infraero, polícia, bombeiros, sindicato dos aeroviários, enfim, vários interlocutores, vimos nesse episódio uma série de desencontros, próprios de situações conturbadas, mas que poderiam ser evitados e minimizados se as assessorias e autoridades estivessem mais preparadas e coordenadas.
O desespero dos parentes no aeroporto de Porto Alegre cobrando a lista dos passageiros pode ser entendido como gesto natural de quem está sob forte emoção. Sempre acontece isso. É muito difícil para a empresa atingida pela catástrofe resolver essa demanda com a rapidez que os atingidos exigem, até porque a informação sobre vítimas, quando sair, tem que estar perfeitamente correta. Mas nada justifica a demora em prestar informações e assistência e as cenas de pugilato que se viram pela TV nos balcões da empresa em Porto Alegre.
O recente acidente com um avião da Gol parece não ter alertado as empresas aéreas sobre a necessidade de informações rápidas e corretas. E aí vem o primeiro escorregão da TAM. A primeira lista completa de passageiros foi divulgada às 5 horas da madrugada de 18/07, dez horas após o acidente. Na manhã de 18/07 a lista teve a primeira correção. Eram 176 passageiros, depois aumentou para 180 e, finalmente, 186, número confirmado às 10 horas da manhã. Afinal, a companhia aérea não sabia exatamente quem embarcou? Houve três versões para a lista de passageiros.
A grande queixa da imprensa e dos parentes nesses casos é sempre a falta de informação. É recorrente, tanto na crise aérea, quanto nos acidentes, a dificuldade das autoridades aeronáuticas e das empresas aéreas em prestar informações tempestivas aos interessados. A TAM colocou um telefone 0800 à disposição, principalmente para os parentes saberem notícias. Isso é importante e fundamental. Mas a notícia mais desejada, a confirmação de quem estava no avião, só foi fornecida de madrugada.
Ainda é cedo para avaliar toda a extensão dessa crise da empresa aérea, que por ironia atingiu uma de suas instalações fora do aeroporto. Entretanto, algumas coisas as empresas têm apreendido nas tragédias. A assistência aos parentes das vítimas, que são os que mais sofrem, e as informações posteriores sobre a situação dos vôos e aeroportos devem ser impecáveis.
A imprensa, para variar, também apanhou dos fatos. A Globo News pelo menos durante 15 minutos mostrou ao vivo o incêndio com o áudio de que era num hangar da TAM, com um avião que estava estacionado. Na falta de assessorias ágeis, que dessem pelo menos as informações básicas, a imprensa ficou especulando. Nem o destino, nem o número do vôo conseguiram saber com rapidez. Demorou muito tempo para saber que era um avião de carreira completamente lotado. Todo o mundo bate cabeça nessa hora. E a imprensa fica à mercê de informações desencontradas que uma boa administração de crise poderia resolver.
É compreensível que numa tragédia dessas proporções seja difícil tudo sair organizado. Funcionários da Infraero que centralizam as informações, por exemplo, tiveram dificuldade de acesso ao Aeroporto de Congonhas pelo tumulto no trânsito nas redondezas. O que talvez fosse uma solução seria, para empresas com alto grau de risco, como nesse caso, ter plantões permanentes, devidamente treinados, para o atendimento de emergência e de informações. Entretanto, vários erros cometidos pelos órgãos do governo na tragédia de setembro, com o avião da Gol, se repetiram. Parece que a lição não foi aprendida.