O que você faria se dezenas de comentários criticassem uma empresa no seu blog, depois da reação dessa empresa a uma nota negativa? Blogueiro postou matéria com críticas a uma empresa de serviços. Um internauta não gostou. Ao se passar por representante da empresa, passou a defendê-la, justificando a atitude da organização. Choveram outros comentários de leitores, indignados com a empresa, pela reação e por não reconhecer o erro. Só tem um porém.
A empresa não tinha feito qualquer manifestação. A reação foi forjada. Nem o blogueiro sabia. E aí? Como agir num caso desses? Não há dúvida. O blogueiro responsável pelo texto inicial, seguido dos comentários ofensivos, deve uma explicação à empresa. Além de acolher eventual manifestação da organização atingida. Assim manda o bom jornalismo. Ao acolher comentários negativos, a imagem da empresa foi denegrida, atacada e cabe abrir um espaço para sua defesa.
Internet exige respostas imediatas
Para o escritor e colunista americano Rene A. Henry, autor do livro “Comunicating in a crisis”, em artigo publicado na newsletter Crisis Management, When Wronged Or Defamed, Get An Immediate Correction, sempre que alguém for atacado ou citado negativamente na mídia, deve se defender. “Eu tenho ouvido advogados dizerem para seus clientes que é perda de tempo exigir correção ou retratação para jornais, revistas, rádio ou TV.
“Com o advento da internet, é ainda mais importante corrigir imediatamente informações incorretas publicadas na mídia, diz Rene Henry. O poder de difusão da internet transforma uma informação negativa em fato rapidamente. Quando mais a correção demorar, mais o erro será repetido e republicado nos sites, blogs ou outras mídias. Com a internet, é questão de segundos para a reputação de uma empresa ou pessoa poder ser destruída com o clique de um computador”.
Quando informações erradas são publicadas na mídia, o articulista recomenda contatar o repórter ou responsável pela retratação. Se você não obtiver sucesso, fale com o editor ou o diretor de redação.
A internet é dificil de policiar e corrigir e muitos indivíduos a usam com meio pernicioso de difamar outras pessoas, escondendo-se atrás do anonimato. Quando isto não resolver, diz René Henry, contrate um bom advogado.
No artigo, o articulista cita a opinião de Harold Burson, diretor presidente da Burson-Marsteller, uma das maiores empresas de relações públicas do mundo. Para Burson, um artigo negativo num pequeno jornal ou num programa de tv a cabo, que alcança uma audiência de milhares de leitores ou telespectadores, pode facilmente tornar-se audiência de mais do que milhões de pessoas se postado no You Tube ou Twitter.
Como corrigir
Segundo o Dr. Robert M. Steele, professor de jornalismo da Universidade De Pauw, da Indiana, “Se alguém ou uma empresa acredita que tem sido ameaçada injustamente, tem o direito de procurar uma correção. O jornalista ou a organização noticiosa tem a responsabilidade de ouvi-lo para tentar resolver qualquer diferença” diz.
Quando postada num site de grande audiência, a mensagem negativa ganha contornos de credibilidade. John Walsh, conselheiro sênior da Cartes Ledyard and Milburn, empresa com sede em Nova York, citado pelo colunista, diz que “Graças à moderna tecnologia, tudo que uma pessoa precisa para extrair e usar informação de um artigo de arquivo falso, é um PC, Google e a disposição de trabalhar algo como até mesmo um material antigo, criando um artigo, baseado na teoria de que, se a grande mídia o publicou cinco anos atrás sem repercussão, deve ser verdade.
Como vivemos hoje um vazio jurídico para o exercício do direito de resposta, porque a Lei de Imprensa foi revogada, para quem é vítima de erro ou difamação, a busca de reparação não é diferente do que acontece com a mídia tradicional. Entretanto, existem outras maneiras de exigir correção ou retratação de matérias publicadas na internet, sem a necessidade do recurso jurídico, sendo o primeiro um contato direto com o autor da reportagem. Não havendo êxito, existem outras formas jurídicas de buscar reparação, previstas na própria Constituição. Nos últimos anos, vários casos envolvendo exposição negativa da imagem foram parar nos tribunais e as pessoas supostamente ofendidas conseguiram tirar do ar vídeos e reportagens.
O importante, segundo especialistas, é empresas e pessoas individualmente não deixar persistir na internet versões que maculem a própria imagem, porque hoje com a facilidade de pesquisa nos sites de busca, com apenas um clique sua vida será exposta, muitas vezes sem que você saiba. Embora a proliferação de sites e blogs possam dar a idéia de que a internet é um mundo sem lei, sempre é possível buscar reparação para reportagens, artigos e notas que possam ameaçar a própria reputação.
Rene A. Henry é autor e colunista e vive em Seattle, Washington. Seu último livro Communicating in a Crisis, tem um capítulo específico sobre como lutar e vencer. Muitos dos seus comentáros são postados na página www.renehenry.com.