Fórum Econômico aponta os riscos globais para os próximos anos
“As forças estruturais de várias décadas destacadas no Relatório de Riscos Globais do ano passado – aceleração tecnológica, mudanças geoestratégicas, mudanças climáticas e bifurcação demográfica – e as interações que elas têm entre si continuaram sua marcha adiante. Os riscos resultantes estão se tornando mais complexos e urgentes, e acentuando uma mudança de paradigma na ordem mundial caracterizada por maior instabilidade, narrativas polarizadas, confiança erodida e insegurança. Além disso, isso está ocorrendo em um pano de fundo onde as estruturas de governança atuais parecem mal equipadas para lidar com riscos globais conhecidos e emergentes ou combater a fragilidade que esses riscos geram.”
Leia mais...Francisco Viana*
Cassio: Reputação, Reputação, perdi minha reputação. Perdi a parte imortal, senhor, de mim mesmo – e o que resta é animal. Reputação, Reputação, perdi minha reputação.
Iago: Honestamente, pensei que havia recebido algum ferimento no corpo, que é bem mais grave do que na reputação. Reputação é uma invenção inútil e fabricada, muitas vezes conseguida sem mérito e perdida sem merecimento. Ninguém perde nada de reputação a não ser que se repute um perdedor.
Shakespeare, Otelo.
Não tem mais solução. A Odebrecht pode mudar de nome, reduzir os negócios em até 60 por cento ou mais, e disseminar a ideia de que errou ao subornar políticos, mas mantém a excelência técnica, que de nada irá adiantar. A corporação, de 72 anos, ao ser envolvida a fundo nas denúncias da Operação Lava Jato assinou a sentença de morte da sua marca e, com ela, qualquer possibilidade de recuperar sua reputação.
O novo secretário de imprensa da Casa Branca, Sean Spicer, estreou um dia depois da posse fazendo tudo aquele que não se recomenda na relação com os jornalistas. Irritado, gritando, atacou a mídia, de forma geral, acusando-a de "falsos relatos" sobre a inauguração como parte daquilo que ele chamou de uma tentativa "vergonhosa" de minimizar o entusiasmo pelo presidente Trump. Até a Fox News, simpática ao republicanismo, registrou com desagrado a forma como o porta-voz debutou no cargo, muito importante para o governo, lendo uma nota feita às pressas, com termos duros e bastante combativa. Ele leu esse comunicado e não permitiu perguntas.
O jornal britânico “The Guardian” publicou artigo na última sexta-feira, 13, Trump’s rhetoric: a triumph of inarticulacy, com uma cáustica análise da comunicação errática, provocadora e arrogante do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, além das manifestações isoladas que tem divulgado por meio das redes sociais.
O artigo do jornalista Sam Leith, numa análise bastante crítica, desconstrói o discurso de Trump, o presidente que assume com a menor taxa de aprovação em quatro décadas, entre os mandatários dos EUA: 40%. Obama assumiu com 79%; Bush, com 62%. Infere-se, a partir dessa análise, que Trump terá muita dificuldade de cativar o coração dos americanos, como Obama conseguiu, fruto, certamente, do poder de retórica, do carisma e da elegância da comunicação do primeiro presidente negro dos EUA. O termo "inarticulacy" para classificar o discurso de Trump, nem tem equivalente em português, mas seria literamente "inarticulação": incapacidade de expressar sentimentos ou ideias claramente, ou expressas numa forma que é difícil de entender.
*Chris Cillizza
O discurso de Meryl Streep na cerimônia de entrega do Globo de Ouro na noite de domingo, e a resposta de Donald Trump, já se tornaram um jogo de futebol político. Se você gosta de Trump deve ter odiado o sermão oferecido por uma liberal de Hollywood que apoiou Hillary Clinton. Se não gosta de Trump, achou que Meryl falou a verdade para os poderosos e a reação do presidente eleito mostra tudo o que está errado com relação à sua ascensão à Casa Branca.
Essa reação partidária, quase instantânea ao discurso da atriz, obscurece a frase mais importante do seu discurso: “Precisamos de uma imprensa íntegra que faça os poderosos responderem por seus atos e os repreenda a cada desmando.”
O Brasil começou 2017 muito mal. Foi manchete internacional pelo absurdo de dois massacres em prisões, ambos detectados bem antes pelos órgãos de segurança dos dois estados. Não se pode dizer então que foi uma crise-surpresa. O macabro protesto ou vingança, que redundou em 99 mortos, foi a crônica da crise anunciada. No mais letal, como aconteceu em Manaus, de certo modo com a conivência da Secretaria de Administração Penitenciária, que autorizou, tanto no dia 24, quando no dia 31, véspera dos festejos, a entrada de um parente por preso, num complexo já superlotado com 1.424 detentos, quando a capacidade é para 454.
Francisco Viana*
"Crises de comunicação são icebergs: o que se vê no noticiário é a ponta, mas existe um maciço gigantesco submerso."
Mario Rosa, Entre a Glória e a Vergonha
Não seria esse o mesmo mistério a envolver as "Memórias" de um consultor de crises, de Mario Rosa? Será que o livro não chama atenção mais pelo que não diz do que pelo relato de uma carreira aparentemente vitoriosa, se o critério for nomes estrelares, e pelas consultorias, pagas ou não, a julgar pelo que diz o autor? Em todo o caso, o livro sugere três conclusões e muitas questões, todas interligadas.