
O Brasil em estado de crise

Se um habitante de outro planeta pousasse no Brasil nas últimas semanas, dificilmente ele permaneceria por aqui. O Brasil tem assistido em menos de um mês eventos de extrema gravidade que se enquadram naquilo que o filósofo e sociólogo Zygmunt Bauman chamou de “estado de crise”. Se não, vejamos. O Brasil amanheceu neste 6 de agosto na antessala de uma grave crise econômica: o tarifaço de Trump. Uma decisão controversa, que nos Estados Unidos teve um objetivo econômico, mas no Brasil tomou o rumo de uma crise política. Sem entrar no mérito das bizarras alegações do presidente americano, na famosa “carta”, enviada ao governo brasileiro, o fato é que os Estados Unidos fixaram uma taxa de 50% para grande parte dos produtos exportados pelo Brasil para aquele país. Sem espaço para a negociação, o Brasil tenta buscar alternativas para minimizar os efeitos da decisão para a economia brasileira.
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Quem pensa que só as fontes precisam gerenciar crises na relação com a mídia, está enganado. O tablóide britânico News of the World enfrenta uma crise de credibilidade, ao ser acusado pelo concorrente The Guardian, na semana passada, de ter grampeado ilegalmente centenas de celebridades e políticos para ter acesso a informações pessoais, entre eles a modelo Ellen Mcpherson. Ao mesmo tempo suscita questionamentos sobre a ética jornalística em buscar o furo a qualquer preço.
Era o que faltava para apimentar ainda mais o clima de crise do Congresso Nacional. O jornal O Estado de S. Paulo divulgou quinta-feira (9) que a Fundação José Sarney, do Maranhão, é suspeita de desviar R$ 1,3 milhão para empresas fantasmas e outras da família do Senador.
O site politico.com revelou na semana passada que o jornal Washington Post, um dos mais influentes periódicos dos EUA, organizava jantares com a presença de membros do governo Obama, Congressistas, lobistas e editores do Post pelo preço de US$ 25 mil. O patrocínio anual poderia custar US$ 250 mil. Tudo foi divulgado num folder publicitário, que dizia “tratar-se de uma oportunidade exclusiva para participar do debate sobre reforma da saúde” com as pessoas que de fato irão fazê-la.
As crises financeiras estiveram nas principais manchetes do ano passado. Relatório divulgado pelo Institute for Crisis Management-ICM, dos EUA, com análise das crises publicadas na mídia mundial, durante 2008, mostra que houve um incremento na cobertura da notícias negativas em oito das 16 categorias do ranking ICM, com destaque para crimes financeiros, ineficiência na administração e violência no local de trabalho.
A crise da Telefônica com o Speedy, a banda larga para internet no estado de São Paulo, é apenas a ponta do iceberg que envolve a privatização das teles, com um marco regulatório muito frouxo, fiscalização deficiente e falta de punição para empresas que não cumprem promessas vendidas nos pacotes para usuários incautos.
A crise econômica pode ter afetado definitivamente a confiança dos americanos na imprensa, nas grandes corporações e no governo, com uma mensagem para a mídia tipo, “quando a notícia é ruim, mate o mensageiro”. Esse é o resultado de recente pesquisa de âmbito nacional nos EUA. Somente 5% dos 568 respondentes da pesquisa têm uma grande confiança na mídia, comparado a 60% da amostra que disse ter pouca confiança e 35% alguma confiança. Só as igrejas se salvam.









