Não importa o que aconteça ao navio, o capitão é sempre culpado
O título deste artigo, reproduzindo um adágio popular, pode ser lido como uma máxima de gestão de crises, quando se trata de liderança. Mas também cabe como uma luva no episódio do naufrágio do iate Bayesian, do magnata britânico Mike Lynch, na Sicília, na semana passada. O iate de R$ 250 milhões era um dos mais caros e modernos do mundo.
Leia mais...*Mario Vargas Llosa
Uma das profissões mais perigosas no mundo de hoje é o jornalismo. Todos os anos aparecem, nos balanços das agências especializadas, dezenas de repórteres, entrevistadores, fotógrafos e colunistas sequestrados, torturados ou assassinados por fanáticos religiosos e políticos, ditadores, quadrilhas de criminosos e traficantes ou donos de impérios econômicos que veem a existência de uma imprensa independente e livre como uma ameaça aos seus interesses.
Na semana em que apareceu uma das mais graves denúncias contra a Samarco, quando o Ministério Público de MG revelou, com farta documentação, que a empresa sabia dos riscos de rompimento da barragem de Fundão, ainda em 2013, continuamos a ouvir quase todos os dias muitas explicações, anúncios de multas, promessas e poucas soluções. Segundo o MP-MG, apesar de alertada sobre o risco que problemas de engenharia representavam para a segurança da barragem, não há registro das correções. A empresa teve dois anos para corrigi-los e os órgãos de fiscalização para notificá-la, até novembro de 2015, quando a barragem se rompeu. Nada disso aconteceu. A empresa contesta as acusações.
O Cenipa – Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos apontou pelo menos quatro fatores que teriam contribuído para a queda do avião que vitimou o candidato a presidente, Eduardo Campos, em agosto de 2014, e mais cinco pessoas. A FAB apresentou ontem as conclusões da investigação sobre o acidente ocorrido com o Cessna, no momento do pouso, no aeroporto de Santos.
79% das empresas consideram a reputação corporativa importante; 26% fazem pouco para gerenciar a reputação profissional
Mais de um quarto do valor das pequenas e médias empresas corresponde à reputação, mas muitas empresas ainda não conseguem controlá-lo corretamente. Essa é a conclusão chocante de pesquisa “Índice de sentimento das pequenas e médias empresas”, feita pela Quoted Companies Alliance e pela BDO, no Reino Unido. Notícia sobre o relatório da pesquisa foi publicada no jornal britânico The Telegraph: "Company reputation Worth £1.7 trillion to the UK but quarter of firms ignore it”, no início deste mês.
Um estrangeiro que chegasse no Brasil neste início de semana, e não conhecesse a realidade do país, ficaria chocado com as chamadas de primeira página dos principais jornais e telejornais. Mais parece um país no meio de uma catástrofe. Predominam as chamadas negativas, com dados cada vez piores e poucas ou nenhuma notícia que aponte como iremos sair dessa longa e sombria noite pelos corredores da crise.
A estreia do filme “Spotlight – Segredos Revelados” não é apenas a exibição de um grande filme. Com tudo que um bom roteiro e uma boa direção podem fazer. É, antes de tudo, uma aula de jornalismo. Principalmente pelo tema escolhido: a crise da Igreja Católica com o escândalo sobre pedofilia nos Estados Unidos.
É uma oportunidade de ver como o jornalismo investigativo, ancorado numa editoria corajosa e comprometida, com uma equipe profissional de alto nível, consegue enfrentar o poderoso lobby de uma instituição poderosa e secular. Mostra a força da imprensa se digladiando com a da Igreja e da sociedade local, católica e conservadora, que fingia não saber o que acontecia nos porões da diocese de Boston. O filme retrata um momento ímpar do jornalismo; mas protagoniza também um soco impiedoso e sem escrúpulos no estômago da Igreja.