Problemas de gestão e ações judiciais lideraram as crises em 2024
Problemas de gestão lideraram as crises corporativas de 2024, no mundo, diz o Relatório Anual de crises do Institute for Crisis Management-ICM, dos Estados Unidos, liberado dia 30/06/25. Essas crises representaram 21,48% de todos os registros constantes na mídia no ano passado, que, segundo o Relatório, chegaram a 1 milhão 134 mil casos.
“Esta categoria voltou com força total no relatório deste ano, um número não visto desde 2018", diz o Relatório. Durante os anos de pandemia de 2020 a 2023, os erros de gestão não apareciam com alta incidência no levantamento anual do ICM, disfarçados ou minimizados pela gravidade dos efeitos da Covid-19. Um dos motivos pelo qual esse índice caiu na pandemia foi porque o ICM considerou a tragédia ocasionada pelo vírus da Covid-19 como ‘catástrofe’, o que elevou sensivelmente o percentual dessa crise.
Leia mais...A crise moral e ética dos costumes no país, emblemática com a prisão de empresários, políticos, lobistas e até um banqueiro chegou às escolas, às salas de aula. De certo modo, a recente pesquisa Data Folha, que aponta a corrupção como o maior problema do país, corrobora essa percepção.
Escândalos como o vazamento da British Petroleum, nos EUA, o da carne de cavalo, na Europa, o da Petrobras, a tragédia da mineradora Samarco em MG e as recentes revelações sobre a Volkswagen levantam sérias questões sobre como se assegurar que as empresas não repitam os mesmos erros.
“Quando foi revelado que a VW tinha fraudado os testes de emissões, as pessoas ficaram chocadas. A fabricante de automóveis que havia se autodenominado campeã da responsabilidade social das empresas e tecnologias limpas, de repente não parecia tão ética."
Francisco Viana *
Uma era acabou no Brasil. A era da impunidade.
Com as prisões do senador Delcídio Amaral, líder do governo, e do banqueiro André Esteves, um dos 13 homens mais ricos do Brasil, segundo a revista Forbes, a Operação Lava Jato transborda da Petrobras e do universo das construtoras para os universos da política e das finanças. O poder desloca-se para o STF.
Francisco Viana*
"Queres que eu tenha medo. Esqueça!"(1), analisa a reportagem de capa do Der Spiegel, ao tratar dos atentados terroristas do Estado Islâmico na sangrenta sexta-feira 13, em Paris. O Le Monde Diplomatique foi ainda mais claro: “Sejam livres, isto é uma ordem”(2). A percepção, em ambos os casos, é clara: alçar o tema dos atentados que mataram mais de uma centena de pessoas ao debate entre a democracia e obscurantismo.
No Brasil, o leitor, ficou com a ideia – generalizada, essa é verdade – de que se trata de uma guerra entre terroristas e as forças da lei, quase que um duelo entre mocinhos e bandidos. Ou foi levado a crer num relativismo primário do gênero a França está pagando pelos erros do passado. Ou, o que é igualmente dramático, induzido a pensar que a esquerda europeia se encontra sitiada pela força do terror e não tem voz para reagir.
Que houve uma falha grave da Inteligência francesa em detectar a iminência de um ataque violento ao país, particularmente a Paris, todos concordam. Mas como é possível o serviço secreto francês ter falhado, 11 meses após o violento ataque ao jornal Charlie Hebdo, com 12 vítimas, sabendo que se tornaram alvos do Isis e têm a maior população muçulmana da Europa?
Por que a comoção internacional em torno de 132 vítimas fatais em um atentado em Paris? Por que os brasileiros sentem e acompanham o drama dos irmãos franceses, se em nosso país morrem em média 120 pessoas no trânsito diariamente? Outras 150 pessoas morrem assassinadas no Brasil todo dia, segundo os números divulgados pelo Observatório de Homicídios. O que explica a repercussão do atentado em Paris, se na mesma semana em Beirute morreram 40 pessoas e 180 ficaram feridas, num duplo ataque perpetrado pelo Isis, e não se registrou tamanha comoção?