O Brasil em estado de crise
Se um habitante de outro planeta pousasse no Brasil nas últimas semanas, dificilmente ele permaneceria por aqui. O Brasil tem assistido em menos de um mês eventos de extrema gravidade que se enquadram naquilo que o filósofo e sociólogo Zygmunt Bauman chamou de “estado de crise”. Se não, vejamos. O Brasil amanheceu neste 6 de agosto na antessala de uma grave crise econômica: o tarifaço de Trump. Uma decisão controversa, que nos Estados Unidos teve um objetivo econômico, mas no Brasil tomou o rumo de uma crise política. Sem entrar no mérito das bizarras alegações do presidente americano, na famosa “carta”, enviada ao governo brasileiro, o fato é que os Estados Unidos fixaram uma taxa de 50% para grande parte dos produtos exportados pelo Brasil para aquele país. Sem espaço para a negociação, o Brasil tenta buscar alternativas para minimizar os efeitos da decisão para a economia brasileira.
Leia mais...O Brasil vive uma epidemia de greves. Os servidores do INSS ficaram parados três meses, sem que o governo desse qualquer sinal de solução, como se os 15 milhões de atendimentos, que deixaram de ser feitos, não tivessem nenhuma importância. Voltaram os servidores, mas os peritos se mantêm parados. Ou seja, o atendimento continua capenga.
Francisco Viana*
"Poder renunciar a algo que nos faz mal é prova de força vital" (Robert Musil, "O homem sem qualidades").
A temperatura política no Brasil está em desarmonia com a temperatura das ruas. Em meio ao governo, predomina a ideia de que o sol volta a nascer e que as variações do brilho da lua - leia-se as ameaças de impeachement da presidente - se diluíram em meio ao acordo de governabilidade com o PMDB e que, por este caminho, a solução para a crise econômica não vai tardar. Aliás, a política parece, nesse momento, se sobrepor à economia e parece, também, grassar a crença de que as reformas na superestrutura da sociedade podem ser adiadas indefinidamente.
Cara Volkswagen,
Todos nós amamos seus comerciais e anúncios impressos. Sua equipe de marketing cativava motoristas e seus carros funcionavam. Você construiu uma base de boa ética, que por 50 anos conseguiu entreter e satisfazer-nos como consumidores, apenas para desperdiçar com uma decisão que ainda temos dificuldade de entender.
Um famoso provérbio japonês diz: "A reputação de mil anos pode ser determinada pela conduta de uma hora." Poderia haver uma frase mais aplicável a este caso?
Os Estados Unidos vivem na linha de tiro. Como os personagens principais do filme de 1967, “Bonnie e Clyde: uma rajada de balas”, é assim que as crianças e os jovens americanos se sentem hoje, quando vão para o colégio. Ontem ocorreu o 45º atentado a tiros com vítimas fatais este ano, nos EUA, em uma escola comunitária de Umpqua, Rosenburg, no estado do Oregon, deixando 10 mortos (um deles o atirador) e sete feridos. Uma triste rotina que, pela recorrência, não deveria mais nos surpreender. Por que uma das economias mais poderosas do mundo, que se atribui o papel de juiz de várias revoltas e guerras em outros países, é incapaz de proteger suas próprias crianças?
Olaf Lies, membro do conselho da Volkswagen e ministro da economia da Baixa Saxônia, disse em entrevista ao programa Newsnight, da BBC, nesta terça-feira (29) que alguns funcionários da empresa agiram criminalmente sobre a fraude com os testes de emissão dos carros da montadora.
Francisco Viana*
Crises custam caro. Falhas éticas custam reputações e carreiras. Quanto consumirá, em dinheiro, o escândalo da falsificação dos poluentes em carros a Diesel pela Volkswagen, ainda ninguém sabe. Mas as cabeças começam a rolar: a primeira foi a do presidente executivo da VW, responsável pela operação, agora anunciada. O que virá a seguir?