40 anos depois, maior crime industrial da história continua impune
Neste 3 de dezembro completou 40 anos o pior desastre industrial do mundo: o vazamento de gás ocorrido na noite entre 2 e 3 de dezembro de 1984 na fábrica de pesticidas Union Carbide, em Bhopal, na Índia. A planta industrial era uma unidade asiática da multinacional americana Union Carbide.
Leia mais...Um evento grave, nem sempre inesperado, mas potencialmente catastrófico, que ameaça o negócio, o patrimônio ou as pessoas, é um dos maiores desafios para um líder. A primeira pergunta que uma organização ou um governo deveriam fazer, no momento de uma ameaça grave aos stakeholders ou à população é: quem vai comandar a gestão dessa crise? E rapidamente dar uma resposta.
Muito se tem escrito sobre como as empresas e os governos deveriam agir durante e após o período mais agudo da pandemia de coronavírus. Especula-se sobre novos cenários, o chamado “novo-normal, destacando-se o que seria importante nesse momento. Certamente, a comunicação, a informação confiável, transparente, clara, tempestiva é um dos ativos mais preciosos. Como administrar a rotina diária da vida do brasileiro, se as mensagens dos governantes são divergentes e confusas. Vivemos um momento muito difícil, em que o governo federal adota uma postura de ignorar completamente a pandemia, como se o presidente vivesse em outro mundo, e os brasileiros e demais autoridades estaduais no lado oposto. Dessa forma, não há comunicação que funcione.
Era só o que faltava na Europa, ainda convalescente da pandemia do coronavírus: um escândalo financeiro. A gigante alemã de tecnologia financeira Wirecard é pouco conhecida no Brasil, mas nos últimos dias protagonizou um dos maiores escândalos contábeis do século e virou manchete nas páginas financeiras. O executivo-chefe da Wirecard, Markus Braun, renunciou, semana passada, quando a empresa, que ele construiu no grupo de tecnologia financeira mais valioso da Europa, não conseguiu explicar por que falltavam € 1,9 bilhão (R$ 12 bilhões) em dinheiro nas contas bancárias da empresa.
A pandemia do coronavírus pegou o mundo de surpresa. Nem o Fórum Econômico Mundial, que lista anualmente os maiores riscos globais de crise, ousou prever uma catástrofe sanitária desse tamanho. Na ponta, desastres naturais, crises do clima, cyberataque, como as que todos os anos aparecem e somem deixando sua marca. Em 10º lugar, endemias. Filósofos, sociólogos, economistas, infectologistas, especialistas em várias áreas tentam analisar e decifrar esse novo mundo. Durante e após a pandemia. Entre a vasta literatura sobre o tema, selecionamos algumas ideias, sobretudo daqueles escritores e pesquisadores que estão no momento nos provocando maior inquietação.
Não bastasse o País estar enfrentando a maior crise dos últimos 150 anos, com a pandemia do coronavírus, até agora o governo não entendeu que só a união das forças de especialistas em saúde, técnicos, políticos e demais poderes da República, num grande pacto, poderá contribuir para vencer a pandemia e as crises dela decorrentes, como a crise econômica e o divisionismo político. O Brasil talvez seja o único país do mundo com elevado número de pessoas contaminadas e de mortes que tem um governo que puxa para um lado e os demais agentes - governadores, prefeitos, Judiciário, Congresso -puxando para o outro.
Regiões brasileiras já chegaram a um cenário tão crítico em seus sistemas de saúde por causa da covid-19. Por causa disso, especialistas defendem a necessidade de uma maior restrição da circulação de pessoas e até "lockdowns”. A repórter Juliana Gragnani, da BBC Brasil, explica em reportagem publicada no início do mês, quais são os sete erros que, segundo eles, empurraram o país para esse caminho. Ao invés de o País ter encontrado um caminho, ao entrar no terceiro mês da pandemia, não há uma luz no fim do túnel, ao contrário. Já há um consenso, até internacional, de que o governo, batendo cabeça com os estados e municípios, não sabe o que fazer na crise.