Laboratório de crises expõe os deslizes na saúde do Rio
A denúncia contra o laboratório PCS Lab Saleme, do Rio de Janeiro, por ter liberado órgãos a serem transplantados, com o vírus do HIV, é apenas parte da série de irregularidades que permeia aquela empresa e a própria saúde no Rio de Janeiro, há bastante tempo.
Leia mais...O ano de 2019 se despediu sob o estigma das “fake news”. Comandado pelo presidente da maior potência econômica do mundo, o termo “fake news” foi vulgarizado, sob o argumento de que tudo que não for “bom para mim” ou para “meu governo”, trata-se de "fake news". Com isso, confundindo a cabeça dos leitores, até a mídia começou a entrar em parafuso. E chegamos a 2020, um ano de eleição no Brasil, desconfiados de que isso vai piorar. Vai ficar difícil distinguir o que é verdade e o que é notícia falsa? Dependerá muito de quem produz a notícia e de quem a dissemina.
No Brasil, se ocorresse uma pesquisa, mesmo para quem não é do ramo, sobre a pior crise corporativa de 2019, certamente a indicação recairia sobre a mineradora Vale. Nenhuma crise, por mais deletéria e mortal que tenha sido, como o incêndio no CT Ninho do Urubu, do Flamengo, em fevereiro, que matou 10 adolescentes e feriu outros três; nem mesmo a Escola Professor Raul Brasil, em Suzano-SP, que sofreu um ataque de dois alunos com arma de fogo, resultando na morte de 5 estudantes e 2 funcionários, além de ter causado ferimentos em outros, nenhum desses dois lamentáveis acontecimentos superaria a grave crise que atingiu a mineradora Vale, em janeiro de 2019.
Quando um ano chega ao fim, muitas empresas fazem balanços, reuniões de planejamento estratégico, analisam o que foi feito no exercício que se encerra e projetam o próximo ano. No Brasil, 2019 do ponto de vista da gestão, algumas organizações tiveram verdadeiros pesadelos. O ano iniciou com uma das maiores tragédias humanas, ambientais e materiais do país. Em 25 de janeiro, a Barragem da Mina Córrego do Feijão, da mineradora Vale, em Brumadinho-MG, se rompeu, matando 255 pessoas e deixando 15 desaparecidos. No seu rastro, destruição de casas, plantações, animais, poluição de rios, córregos e tudo que estivesse no curso do rompimento.
A consultoria PricewaterhouseCoopers - PwC acaba de divulgar um abrangente e detalhado trabalho de pesquisa sobre crises corporativas, intitulado "Preparação para a crise como uma vantagem competitiva". A base da pesquisa, realizada em 2019, foram 4.500 cases de 2 mil empresas aproximadamente. Nessa primeira pesquisa de crise global da PwC, foram ouvidos 2.084 executivos seniores em organizações de todos os tamanhos, em 25 setores e em 43 países – 1.430 dos quais haviam passado pelo menos por uma crise nos últimos 5 anos, para um total de 4.515 crises analisadas no geral. Segundo o artigo, "o que descobrimos é uma mudança de jogo."
“Voar tornou-se mais mortal do que há anos e é difícil culpar apenas o malfadado 737 Max da Boeing Co. Os acidentes aéreos ocorreram com mais frequência em quase todas as regiões do mundo em 2018, com o número de mortos chegando a 523, a maior quantidade de vítimas fatais em quatro anos, de acordo com a Associação Internacional de Transporte Aéreo-Iata." Ou seja, há uma potencial crise na aviação que, apesar dos avanços tecnológicos, precisa ser monitorada.
Cristiano Cecatto*
Envolvimento e atuação plena de conhecedores da área pode ser vital na prevenção e combate de situações de emergência. Desabamentos do edifício Palace II e da Ciclovia Tim Maia. Rio de Janeiro, 1998 e 2016. Incêndio da Boate Kiss. Rio G. do Sul, 2013. Rompimentos das barragens de Mariana e Brumadinho. Minas Gerais, 2015 e 2019. A lista de tragédias no Brasil tem nestes episódios apenas um início. Se uma pesquisa por outros casos for intensificada, a quantidade de ocorrências só vai aumentar e, com ela, surge uma característica comum para cada episódio: a ausência de um planejamento para a gestão de emergências.