A medicina no Brasil em estado de crise
Pode ser apenas uma impressão. Ou uma percepção que acaba formando o que chamamos de reputação. Mas a quantidade de erros médicos em clínicas e hospitais; as queixas de pacientes que não conseguem atendimento no SUS ou pelo próprio plano de saúde para cirurgias; a série de denúncias contra profissionais que se passam por médicos, apenas porque fizeram um curso de curta duração e já saem clinicando; assédios e até estupros cometidos por profissionais da área, tudo isso mostra que a saúde no Brasil, particularmente em relação aos médicos, está bem doente.
Apesar de todos os alertas e de quanto esse tema evoluiu nos últimos anos, as empresas brasileiras não estão preparadas para enfrentar crises. Grande parte das organizações acredita que nunca vai ter uma crise grave, que ameace o negócio ou a reputação. Envolvidas pela rotina diária, esquecem que as crises, como a morte e os impostos, são inevitáveis. Ou pelo menos são ameaças constantes aos valores da organização.
O empregado pode utilizar rede social ou se pronunciar de alguma outra forma para defender a empresa em que trabalha, sem que a resposta tenha sido endossada pelo empregador? Essa é uma boa polêmica. Ela veio à tona, quando em agosto último, o New York Times publicou um artigo “Inside Amazon: Wrestling Big Ideas in a Bruising Workplace” (Por dentro da Amazon: Grandes ideias de luta em um conturbado ambiente de trabalho) bastante polêmico. Nele, o NYT revela práticas pouco ortodoxas da gigante do comércio eletrônico Amazon, no trato com empregados.
“A publicação de desinformações tem afetado o bom funcionamento da democracia” e a crise do jornalismo “é uma crise do modelo de negócio do jornalismo. Mas não de todo o modelo de negócio, entre eles o da internet”. A declaração é do jornalista e repórter do jornal britânico The Guardian, Nick Davies*, responsável pela equipe que investigou os grampos ilegais do News of the World, jornal da News Corporation, que foi fechado em 2011, após um dos maiores escândalos da Grã-Bretanha, envolvendo diretores e jornalistas do poderoso conglomerado de mídia de Rupert Murdoch, a Scotland Yard e figuras próximas do governo.
O Brasil esta semana lava roupa suja em público. Não bastasse a imagem do país ter atingido o volume morto, com a deterioração da economia, aumento do desemprego, desvalorização do Real, somada à crise institucional e aos escândalos de corrupção, a presidente da República e o presidente da Câmara dos Deputados resolveram baixar ainda mais o nível.
Se já tínhamos a pecha de “república cucaracha” no exterior, esse bate-boca via Oceano Atlântico, acompanhado pela mídia estrangeira, só contribui para piorar a imagem do país. Que Eduardo Cunha fique dando estocadas no governo, era esperado. Ele está quem nem fera acuada pelos caçadores e nenhuma reação dele, por mais descabida possível, pode ser surpresa. Ele resolveu cutucar o governo com vara curta, porque conhece a fragilidade da presidente. Dá uma estocada aqui e outra ali.
O que um líder deveria fazer num momento grave de crise? Principalmente quando precisa do apoio de todo o país para sair da crise: constituintes, imprensa, trabalhadores, políticos, Legislativo, Judiciário, religiosos, empresários, enfim, de toda a sociedade? Comparecer a um evento público e fazer um discurso rancoroso, soberbo, autossuficiente, arrogando-se o dom da pureza e da imunidade? Desafiando todos os brasileiros, como se ele fosse uma reserva moral do país? Ou falar mais com o coração, do que com a mente e o fígado?
O Brasil vive uma epidemia de greves. Os servidores do INSS ficaram parados três meses, sem que o governo desse qualquer sinal de solução, como se os 15 milhões de atendimentos, que deixaram de ser feitos, não tivessem nenhuma importância. Voltaram os servidores, mas os peritos se mantêm parados. Ou seja, o atendimento continua capenga.