Não importa o que aconteça ao navio, o capitão é sempre culpado
O título deste artigo, reproduzindo um adágio popular, pode ser lido como uma máxima de gestão de crises, quando se trata de liderança. Mas também cabe como uma luva no episódio do naufrágio do iate Bayesian, do magnata britânico Mike Lynch, na Sicília, na semana passada. O iate de R$ 250 milhões era um dos mais caros e modernos do mundo.
Leia mais...O recente episódio da festa dos prefeitos que o Governo Federal patrocinou em Brasília, com mais de 15 mil pessoas, mostra como é difícil as autoridades públicas lidarem com a transparência. Quando a imprensa quis saber quanto o governo havia gasto no convescote, a primeira informação foi R$ 253 mil. Como ninguém acreditou, o governo achou que a crise faria a imprensa esquecer os gastos.
Grande número de jornalistas começou a trabalhar no governo Obama em janeiro. Seria uma quantidade incomum em mudanças de governo nos EUA. Numa capital onde fervilham boatos e troca-troca de cargos, instalou-se um debate sobre a possibilidade de Obama estar recebendo tratamento favorável da mídia pelas relações de trabalho que passou a ter com ex-jornalistas da grande imprensa.
A circulação média diária de jornais no Brasil no ano passado cresceu 5% na comparação com 2007. Passou de 4,14 milhões de exemplares para 4,35 milhões de exemplares, segundo o IVC (Instituto Verificador de Circulação).
A decisão do governo de impor, sem comunicação adequada, a exigência de licenciamento prévio para liberar importações de vários produtos, tomada dia 26 de janeiro, acabou gerando uma crise, com reação de empresários e até de governos do Mercosul. A imprensa classificou a operação como “barbeiragem”, termo que teria saído do Ministério da Fazenda. Alguém acredita que essa medida foi tomada sem o conhecimento daquele ministério?
As relações entre imprensa e poder sempre foram difíceis. Desde que a imprensa, representada pelos jornais, se transformou em instrumento de opinião independente, os governantes tentam controlá-la.
Depois do australiano Rupert Murdoch assumir o controle de grandes redes de TV, jornais e editoras americanas, a crise que afeta, principalmente os jornais dos EUA, facilita o assédio de empresários estrangeiros. Murdoch, dono da News Corporation, acabou comprando um dos ícones do jornalismo americano, o The Wall Street Journal. E está de olho em outro símbolo da mídia dos EUA, o The New York Times.