O artigo de Peter Preston sugere que sexo conta muito na prateleira da mídia. Se você é uma mulher lendo o Daily Star, por exemplo, pertence ao que eles chamam de minoria oprimida. Há somente 733 mil mulheres, contra 1.036 mil homens, lendo o Daily Star, conforme pesquisa da National Readership. No The Sun, homens também são maioria 4.322 mil contra 3.429 mil mulheres. Mas no Daily Mail, os dados começam a se inverter (2.458 mil mulheres, contra 2.423 mil homens). Impensável há poucos anos.
Para Preston, os dados recentes não deixam dúvidas de quem comanda a mídia impressa, principalmente. Os homens eram os incentivadores, agitadores e os mais gastadores nesse ramo. Basta ver o Independent, com 375 mil homens contra 260 mil mulheres. Ou o The Times, com 1.036 mil homens contra 733 mil mulheres. O que, segundo o jornal, refletia a ordem natural da coisas. Mas esses dados estão mudando com rapidez.
Pesquisa da empresa de análise digital comScore mostra que as mulheres no mundo todo começam a dominar as redes sociais, tanto na quantidade, quanto também na permanência on line mais tempo do que os homens (comprando e participando de salas de bate-papo). “Elas são as “divas com os dólares” na base deste estudo. Estão mais conectadas e participam da internet numa maneira diferente da dos homens”, diz o estudo.
Para o articulista, essa troca de posição tem impacto nos resultados financeiros da mídia. Jim Chisholm, um analista independente, comandou essa tendência na edição eletrônica da revista InPublishing. 10 anos atrás, ele descobriu que 62% dos homens americanos liam um jornal, comparados com somente 44% das mulheres. Em 2009, os dados encolheram para 47% dos homens, comparado com 44% das mulheres. Ou seja, o número de leitores masculinos está caindo.
No Japão, a diferença era de 25% e caíu para apenas 2% uma década mais tarde. Na Inglaterra, esse “gap” se reduziu de 4 para 3%. Somente na Alemanha, entre os mercados mais desenvolvidos, tomou outro caminho. A Alemanha, do grupo dos ricos, é um dos poucos países onde a mídia impressa aumentou a tiragem nos dois últimos anos, período da crise financeira.
O analista pergunta se podemos correlacionar estas estatísticas. Talvez, responde ele. “Porque as vendas dos jornais japoneses somente caíram 7% numa década, enquanto as da Alemanha aumentaram cerca de 20%. E você pode então deduzir o que pode acontecer com o Daily Mail, com um crescimento espetacular, ao redor de 40 milhões de usuários únicos, e praticamente com o dobro do desempenho do Times e do The Sun”.
Segundo o articulista, o Mail Online é recheado com notícias e fofocas de celebridades, o que facilita o caminho para o público feminino. Pois esta pode ser exatamente uma alternativa para a mídia impressa, por ser uma pauta particularmente do agrado das mulheres nesta época, quando elas são o segmento que mais cresce e a audiência publicitária mais atraente. “Certamente, com o número de visitantes fiéis, no Reino Unido, (aqueles que clicam mais do que 10 vezes no mês) subindo de 7 para 12% ao ano, há um quase sentimento de dependência desse “momentum”.
Para Preston, pesquisas futuras mostrarão isso. “A Pesquisa Nacional de Leitores separará dados em duas categorias: mídia impressa e net. Então, estaremos todos aptos a dizer se as mulheres, na mídia impressa ou eletrônica, são a força de mudança que se suspeita esteja acontecendo.
Independentemente das estatísticas, o que realmente as mulheres querem encontrar numa publicação? Para o articulista, “A resposta padrão – da maioria dos editores masculinos – é mais saúde, mais família, mais moda, mais histórias vistas pelos olhos das pessoas. Mais cobertura humana, em contraposição a menos esporte, menos política, menos argumentos chatos, cansativos”, este, o cardápio preferido dos homens. “Mas as prescrições do ritual masculino são feitas exatamente para serem ultrapassadas”, conclui o autor.
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