A medicina no Brasil em estado de crise
Pode ser apenas uma impressão. Ou uma percepção que acaba formando o que chamamos de reputação. Mas a quantidade de erros médicos em clínicas e hospitais; as queixas de pacientes que não conseguem atendimento no SUS ou pelo próprio plano de saúde para cirurgias; a série de denúncias contra profissionais que se passam por médicos, apenas porque fizeram um curso de curta duração e já saem clinicando; assédios e até estupros cometidos por profissionais da área, tudo isso mostra que a saúde no Brasil, particularmente em relação aos médicos, está bem doente.
Leia mais...Aylê-Salassié F. Quintão*
Jovens brasileiros mais bem preparados para o trabalho estão começando a deixar o Brasil. Os números vem se agravando de 2014 para cá. No ano passado foram 38 mil vistos para o Japão, 10 mil para o Canadá, 6.000 para a Suécia, 2.500 para os Estados Unidos, próximo de 1.000 para a Inglaterra. Só no Canadá já existem 50 mil brasileiros. Nos Estados Unidos perto de 1,4 milhão. São arquitetos, economistas, engenheiros, físicos, matemáticos e até mão de obra especializada na área industrial que desejam livrar-se do stress do cenário negativo que tomou conta do País. Querem poder alimentar novas esperanças. A motivação não vem, portanto, só do desemprego, que alcançou 14 milhões de trabalhadores.
Entendemos crise como uma ruptura, capaz que causar um alto nível de incerteza. As crises também representam uma ameaça a alguma coisa. A sensação hoje pela manhã do mundo todo, não importa se nas ditaduras asiáticas ou nas democracias ocidentais, era de perplexidade diante do resultado da eleição americana. E a surpresa se transformou também numa grande interrogação. Ou estamos diante de uma grande ameaça?
Para quem não entende muito de política internacional, principalmente o cidadão comum, que repudiou Donald Trump pelas posições xenofóbicas e desrespeitosas para com imigrantes, negros, muçulmanos, refugiados, imigrantes, mulheres e demais minorias, a sensação é de insegurança, frustração, raiva. Até pelo fato de não entender por que 50% da população de um país como os EUA apostaram nesse aventureiro, aprendiz de político. Para o resto do mundo, mesmo quem conhece os bastidores da política, a surpresa se transformou num estado de letargia, tentando entender qual o recado das urnas americanas.
Francisco Viana*
Não se trata de defender o Judiciário. Mas, convenhamos, dizer, em público, que o ministro da justiça se comporta "no máximo", como um "chefete de polícia" e chamar um juiz, seja qual for a instância, de "juizeco de primeira instância" não é uma forma civilizada de se comunicar. Não é, vale ainda ressaltar, um exemplo a ser seguido. Vivemos em uma democracia e a autoridade precisa dar exemplo de tolerância e bom senso. Senão o que se pode esperar do cidadão comum? A violência?
"As Minas estão concentradas nas mãos de poucos. E os Gerais — o povo — ficam com a dor e a exclusão”. (Padre Geraldo Barbosa, de Mariana).
Completa hoje um ano o maior desastre ambiental do país. O rompimento da barragem do Fundão, na unidade de Germano da Mineradora Samarco, em Mariana-MG, deixou 19 mortos e 200 feridos, soterrou vilarejos, poluiu nascentes e riachos, dizimou plantações e a criação de pequenos agricultores que residiam próximos ao local. Sem falar na contaminação da bacia do Rio Doce, uma das maiores do país, que banha cerca de 30 municípios, ao longo do curso do rio, de Minas Gerais ao Espírito Santo. O vilarejo de Bento Rodrigues foi varrido do mapa. O local de 317 anos, com alguns prédios históricos, foi totalmente destruído, com a lama soterrando igreja, escola e residências. O cenário após o deslizamento é de desolação.
Didier Heiderich* e Myriam Delouvrier**
Uma comunicação de crise bem sucedida não se vê. No entanto, a comunicação de crise é frequentemente o objeto de um mal-entendido precoce. Reduzida às operações de “mídias”, às discussões sobre a reputação ou à “e-reputação”, ou sobre os “elementos de linguagem”, uma estratégia de comunicação em situação de crise perde-se ante um número grande de atores sobre a sua escolha certa. Não pode em nenhum caso limitar-se à mensagens-chave, ao mídia training e a alguns tweets pelos quais o profissional amador se maravilha.
A crise que começou a atingir a gigante coreana de eletrônica Samsung, logo depois do lançamento do mais novo produto da empresa, em 2 de agosto, quando alguns aparelhos Galaxy Note 7 começaram a esquentar, emitir fumaça e até explodir, atingiu proporções ameaçadoras nesta semana. Haveria mais de 100 relatos de incidentes semelhantes nos dez países onde o telefone é vendido.