Queda do ATR 72: acidentes aéreos não acontecem por acaso
O Brasil ainda não se recuperou da tragédia ocorrida na última sexta-feira, dia 9, quando um avião ATR 72, da empresa Voepass (antiga Passaredo), com destino ao aeroporto de Guarulhos, caiu em Vinhedo, cidade próxima a Campinas-SP. 62 pessoas, incluindo quatro membros da tripulação, morreram na queda do avião que procedia de Cascavel-PR. Passado o primeiro choque e comoção pelo acidente, começam imediatamente as especulações sobre o que poderia ter causado a queda.
Leia mais...Passados os primeiros dias de comoção pela tragédia de Santa Maria, é hora de uma reflexão mais racional do episódio e seus desdobramentos. Muita gente tem opinado desde domingo de madrugada. Alguma análises são de especialistas em risco, explosivos e segurança. Cada entrevista reforça a cadeia de erros e omissões que levaram a essa tragédia.
Ainda é cedo para uma análise mais cuidadosa. A morte de 235 pessoas, em boate em Santa Maria-RS, em incêndio na madrugada de domingo (27), mostra novamente uma combinação de erros, em que ninguém se salva: governos, empresários, autoridades policiais e fiscalização. Já é o segundo maior incêndio da história do país.
Quem fica algumas horas diante da televisão e vê, nos intervalos da programação, o desfile de anúncios publicitários, se impressiona com as declarações de amor das empresas. As mensagens falam da vida, do carinho, da alegria de ter clientes como você. Se entrar no site das empresas, ao lado da oferta de produtos, você encontrará outros apelos para conquistá-lo.
Crises graves implicam respostas rápidas. A maior rede de supermercado do Reino Unido, Tesco, está seguindo a cartilha de gerenciamento de crises, diz o The Guardian. Mas quando a integridade da cadeia de suprimentos está posta em dúvida, a reação do público é difícil de prever.
Executivos, CEOs, principalmente de grandes empresas, pensam que o tempo pode ser aliado, quando empurram o lixo para baixo do tapete. Mas os esqueletos, quando menos se espera, podem sair do armário, como se fossem fantasmas, prontos para assombrar a reputação deles e das corporações. Malfeitos, cedo ou tarde, vêm à tona.
Algumas fontes jornalísticas se especializam em não dizer nada quando entrevistadas. Personagens da política brasileira entraram para a história do enrolation. Perguntados sobre fatos graves, negativos, denúncias, eles desenvolveram a habilidade de driblar os jornalistas, tergiversar e nunca responder objetivamente.