Não importa o que aconteça ao navio, o capitão é sempre culpado
O título deste artigo, reproduzindo um adágio popular, pode ser lido como uma máxima de gestão de crises, quando se trata de liderança. Mas também cabe como uma luva no episódio do naufrágio do iate Bayesian, do magnata britânico Mike Lynch, na Sicília, na semana passada. O iate de R$ 250 milhões era um dos mais caros e modernos do mundo.
Leia mais...Depoimento da ministra das Relações Exteriores da Coreia do Sul, Kang Kyung-wha, dá uma ideia de como o país conseguiu enfrentar o coronavírus, com baixa taxa de letalidade e sem prejudicar a economia. O depoimento foi publicado no site do World Economic Forum*, em 31 de março último.
Apesar de um aumento repentino de infecções, a Coreia do Sul agora está vencendo a luta contra o coronavírus COVID-19. As regiões compartilharam médicos e abriram seus hospitais para outros pacientes. Os testes estão no centro da estratégia de combate ao coronavírus do país.
O colunista de opinião do The New York Times, Charles M. Blow, publicou hoje em alguns jornais um artigo instigador sobre o “distanciamento social”, em função da pandemia do coronavírus, que está constrangendo cerca de 3 bilhões e meio de pessoas no mundo a ficarem retidas em suas casas, longe do trabalho, das diversões, de parentes e amigos. O artigo levanta uma questão muito pertinente, porque parece fácil determinar que as pessoas se protejam do vírus, fiquem em casa, não se locomovam para o trabalho, coisas assim. Mas milhões de outras no mundo não podem aderir a esse privilegiado resguardo, porque não têm condições. Para elas, a escolha não existe. Se ficarem em casa, simplesmente não têm renda. E em poucos dias, não terão alimentos.
Até onde poderá chegar o poder de destruição da maior crise do século?
Às 15 horas de hoje (2 de março), o número de infectados passou de 1 milhão de pessoas em todo o mundo, quatro meses depois que a pandemia começou a aparecer na China, mais especificamente na cidade Wuhan. Isso significa dez vezes o número registrado há um mês.
Escrito por Marc Bassets*
O planeta, para um alienígena que aterrisasse hoje em dia, ofereceria uma imagem estranha, entre pacífica e perturbadora. Mais de um terço da humanidade está em casa, privado da liberdade de movimento, tão essencial e que todos tomamos por garantido. As ruas, vazias, como as estradas sem carros. Céu limpo sem aviões. As fronteiras fechadas. Os líderes? Trancados também e administrando o melhor que podem - cada um por conta própria, insanamente, quase sempre atrasado, apesar dos sinais - a maior crise que eles certamente terão que enfrentar em suas vidas. Os cidadãos? Confusos com o vírus que foi detectado na China em dezembro passado e que matou mais de 28.900 pessoas (1) e afetou cerca de 200 países. Angustiado por sua saúde e pelos vizinhos, e pela crise econômica que, segundo a unanimidade dos especialistas, está chegando. O mundo entrou em hibernação.
O Brasil entra na segunda semana em regime de quarentena, com as grandes cidades desertas. Educação, serviços, shoppings; atividades industriais e comerciais em sua maioria parados, no maior ou, talvez, no primeiro “lockdown” da história do País. Levará anos para se avaliar e dimensionar os efeitos dessa interrupção da vida social e econômica no Brasil e no mundo. Como se nosso dia a dia estivesse transcorrendo como um filme e ele fosse interrompido abruptamente por um “PAUSE”. Sensação de vazio, de impotência diante da ameaça do vírus, principalmente pelo que vem acontecendo em outros países, alguns com um bom sistema de saúde e acostumados a guerras, atentados e desastres naturais.
Análise da crise do Coronavírus
A Coreia do Sul tem sido apontada por todos os especialistas, epidemiologistas e demais médicos do mundo como um modelo de gestão da crise do coronavírus. Além da cultura oriental, sempre muito mais disciplinada do que a ocidental, a Coreia do Sul teve anos atrás outras ameaças, como as epidemias da Sars, Mers (2015), e até da zika. Pela proximidade da China, prevenção de doenças transmissíveis já se incorporou ao dia a dia do coreano. Esse foi um fator importante nas ações determinadas pelo governo para impedir a propagação do coronavírus.