A gestão de crises deve estar alinhada à estrutura de governança da organização
Em fevereiro de 2023 foi lançado, na plataforma da Universidade de Santa Maria, o Observatório de Comunicação de Crise. Uma página digital que nasceu com a proposta de reunir o conhecimento produzido no campo da Comunicação, em torno da gestão de riscos e crises das organizações, sejam públicas ou privadas. Ao longo deste ano, o Observatório já coleciona uma série de entrevistas com especialistas (veja os links abaixo), sob os mais diferentes ângulos da gestão de crises e da comunicação de crise.
Francisco Viana*
As imagens da tragédia de Brumadinho, com seu fúnebre cortejo de mortos e desaparecidos, continuará por muito tempo na retina de milhões e milhões de pessoas em todo o mundo. Mas os seus efeitos serão bem mais devastadores que as lembrança do pesadelo. Brumadinho abriu caminho para ações em três frentes interligadas: a primeira, é a necessidade de estabelecer compromissos e punições para cerca de três centenas de multinacionais, principalmente sediadas em países de democracias vulneráveis e onde grassa a corrupção na cúpula governante. A segunda, foram os graves - e até mesmo irreversíveis - prejuízos para a marca Vale. O terceiro, também inicialmente relacionado à Vale, é a ameaça de a mineradora ser processada por crimes contra a humanidade.
Governar pelas redes sociais não mostrou ainda ser uma solução, como forma de fugir da mídia tradicional. Queira ou não, o governante deve prestar contas permanentes de sua atuação à opinião pública e à sociedade. Não há como fugir ao escrutínio da mídia. Pode brigar, espernear, chamar a mídia de mentirosa, transformar qualquer acusação ou suspeita em “fake news”. Nada disso o livrará da contínua vigilância dos meios de comunicação. A rede social funciona como mais um meio de comunicação. Serve até de álibi para evitar os jornalistas e fugir da polêmica. O jornalismo ainda se realiza na mídia tradicional e não nos blogs. As redes fazem barulho, mas não substituem os meios tradicionais.
João Paulo Forni*
Jair Bolsonaro alcançou o poder, entre outros motivos, com uma estratégia simples de campanha. Esquivava-se de detalhar temas controversos, porém absolutamente necessários à correção de rumos do país, como a reforma da previdência e as privatizações. Por outro lado, sobravam falas contrárias à corrupção – entendimento que beira a unanimidade do eleitorado – e enaltecimento a valores religiosos – que em um país de expressiva maioria cristã, serve para cativar parte considerável da população.

Francisco Viana*
Um conhecido e criativo publicitário escreveu no jornal Folha de São Paulo um sedutor artigo dizendo da imperativa necessidade do profissional de comunicação viajar e fazer networks. Claro, viajar é preciso para conhecer novas culturas. E os contatos são imprescindíveis para os projetos, vitais para a profissão de comunicador.
Nem bem o País conseguiu assimilar a tragédia de Brumadinho, incêndio no alojamento do CT do Flamengo, no Rio de Janeiro, tira a vida de 10 adolescentes, reféns de instalações de alto risco que não tinham licença para funcionar.
A triste rotina de acidentes graves que poderiam ser evitados se repetiu nesta sexta-feira, 8 de janeiro, no Rio de Janeiro. A morte de 10 adolescentes, entre 14 e 16 anos, é a crônica da crise anunciada. Eles dormiam em contêineres, adaptados para quartos. Cada cômodo tinha um aparelho de ar refrigerado. Confinados ali, quando o incêndio começou, quem acordou ainda teve alguma chance de se salvar. Mas já se admite que a maioria dos 10 garotos que morreram, nem chegaram a acordar, intoxicados por uma fumaça preta, altamente tóxica, emanada das paredes dos contêiners. A tragédia só não foi maior, porque muitos atletas foram dispensados e resolveram dormir em casa. Mesmo assim, 26 jovens estavam nos alojamentos no dia da tragédia.