Não importa o que aconteça ao navio, o capitão é sempre culpado
O título deste artigo, reproduzindo um adágio popular, pode ser lido como uma máxima de gestão de crises, quando se trata de liderança. Mas também cabe como uma luva no episódio do naufrágio do iate Bayesian, do magnata britânico Mike Lynch, na Sicília, na semana passada. O iate de R$ 250 milhões era um dos mais caros e modernos do mundo.
Leia mais...O fato foi revelado na semana passada. O jornalista Claas Relotius, da revista alemã Der Spiegel foi demitido, após um colega e a revista descobrirem que várias reportagens famosas, de sua autoria, eram “fake news” ou “fake stories”, pura fraude. O jornal britânico The Guardian, de 19/12/18, em artigo de Kate Connolly conta como repercutiu na redação da revista alemã a descoberta dessa fraude.
Hoje conheceremos o primeiro caso de 2018, que incomodou uma multinacional poderosa, a partir do momento em que o produto caiu nas redes sociais, ao ser utilizado como uma espécie de desafio por jovens e adolescentes. O Tide Pod*, uma pequena barra de sabão de limpeza da Procter & Gamble, expôs a empresa no início de 2018, quando muitas pessoas, principalmente jovens, e até crianças, lançaram o que chamaram Tide Pod Challenge.
O ano de 2018 vai se notabilizar pela quantidade de crises envolvendo marcas, algumas poderosas. No exterior, quanto no Brasil, foi um ano difícil, principalmente porque não houve um mês sequer sem que uma grande crise ocupasse o espaço nobre na mídia. De atentados a acidentes; de desastres naturais, cada vez mais violentos e vultosos, até erros de gestão, como no incêndio do Museu Nacional, do Rio, quanto em multinacionais e na gestão pública; muitas decorrem de falhas em produtos e na prestação dos serviços. Ou seja, crise foi o que não faltou em 2018.
O Facebook diante da própria crise. O gigante das redes sociais viu a reputação abalada no fim do ano passado, quando se descobriu que milhões de informações dos usuários haviam sido roubadas por hackers que tentaram interferir nas eleições americanas e de outros países usando a vulnerabilidade do Facebook.
A revista Time publicou esta semana uma espécie de Q&A sobre o Brexit, tentando explicar em rápidas palavras o imbróglio em que o Reino Unido se meteu, ao propor um plebiscito, lá em 2016, para os britânicos escolherem se deveriam ou não sair da União Europeia. Era uma aposta de David Cameron, então primeiro-ministro, que o plebiscito resolveria de vez os problemas que ele enfrentava de cobranças, sobretudo da oposição, sobre a necessidade de a Inglaterra fazer parte da União Europeia. Os britânicos, como alguns poucos países da Europa, mantiveram a circulação da própria moeda, apesar do Euro ser a moeda oficial da UE.
O resultado inesperado do plebiscito saiu de uma campanha bem orquestrada pelos “contra”, que teve ampla receptividade por eleitores mais velhos, do interior, que foram em massa votar. Por uma pequena margem, os britânicos optaram pela saída da União Europeia. Quando a ficha caiu sobre qual seria o ônus dessa aventura, já era tarde. E desde então, o governo britânico vem discutindo a forma como se dará esse divórcio. A dificuldade de Thereza May para acertar uma saída honrosa e menos onerosa para o Reino Unido pode lhe custar o cargo.
Ano Novo, governo novo. No momento em que dezenas de políticos e executivos são convidados e se preparam para assumir cargos no novo governo, é bom prestar atenção nos contatos com a imprensa, com o Congresso, políticos ou até reuniões públicas para não falar bobagem. Muita gente nessa hora ficou com a carreira marcada por frases ou opiniões polêmicas que escaparam em momentos de cochilo com interlocutores.