A crise do INSS expõe a incompetência do Estado como gestor
O desvio bilionário de recursos dos aposentados, por descontos não autorizados nos salários, geridos por sindicatos, entidades associativas de aposentados, e até funcionários públicos ligados ao Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), é um dos maiores escândalos financeiros na área pública do país, nos últimos anos. O crime escancara a incompetência dos órgãos públicos em geral, de fazerem a gestão correta dos recursos do Tesouro Nacional. Em uma grande empresa privada, com boa governança e gestão financeira, se fato similar ocorresse, muito provavelmente o ‘compliance’ ou a diretoria de gestão de riscos teriam descoberto. Essa fraude escancara também a inépcia e irresponsabilidade dos gestores em usar mecanismos de controle, muitos nomeados sem experiência, apenas por indicações políticas e outros interesses.
Quem fica algumas horas diante da televisão e vê, nos intervalos da programação, o desfile de anúncios publicitários, se impressiona com as declarações de amor das empresas. As mensagens falam da vida, do carinho, da alegria de ter clientes como você. Se entrar no site das empresas, ao lado da oferta de produtos, você encontrará outros apelos para conquistá-lo.
Crises graves implicam respostas rápidas. A maior rede de supermercado do Reino Unido, Tesco, está seguindo a cartilha de gerenciamento de crises, diz o The Guardian. Mas quando a integridade da cadeia de suprimentos está posta em dúvida, a reação do público é difícil de prever.
Executivos, CEOs, principalmente de grandes empresas, pensam que o tempo pode ser aliado, quando empurram o lixo para baixo do tapete. Mas os esqueletos, quando menos se espera, podem sair do armário, como se fossem fantasmas, prontos para assombrar a reputação deles e das corporações. Malfeitos, cedo ou tarde, vêm à tona.
Algumas fontes jornalísticas se especializam em não dizer nada quando entrevistadas. Personagens da política brasileira entraram para a história do enrolation. Perguntados sobre fatos graves, negativos, denúncias, eles desenvolveram a habilidade de driblar os jornalistas, tergiversar e nunca responder objetivamente.
O ano nem começou e a crise dos bancos europeus parece não ter fim. Depois do escândalo do UBS, que pagou multa bilionária, ao reconhecer manipulação na taxa da Libor, agora foi a vez do mais antigo banco suíço - o Wegelin & Co. anunciar que vai fechar as portas.
A grande crise do Brasil de 2012 foi a seca no Nordeste, que continuará em 2013. Mas o ano foi marcado também pelas greves do serviço público e pela crise no atendimento das telefônicas. Mas ainda tivemos revoltas nos canteiros de obras das usinas; a eterna crise aérea e crianças e adolescentes, como principais vítimas do descaso e da incompetência de empresários e governos.