Policia Federal foto agentesO Brasil se despede de 2025 com vários passivos pelo menos em três segmentos: segurança da população, junto com a saga da corrupção e dos golpes virtuais; insegurança nas estradas, principalmente nos acidentes com caminhões, que redundam em milhares de mortes todos os anos; e um aumento preocupante dos crimes de feminicídio em todo o país. São três crises que o governo, a sociedade civil, o ministério dos Transportes e o Judiciário não conseguiram resolver.

Quase todos os dias, como se fosse parte de um roteiro de um filme policial, os brasileiros amanhecem com pelo menos três a quatro operações ou denúncias de crimes cometidos contra pessoas, por meio de golpes, ou contra o patrimônio público, por desvios de dinheiro público. E não são somente as facções do crime organizado os protagonistas desse noticiário policial, mas também políticos ou pessoas com ligações muito próximas deles. E, para não faltar, como hoje são figuras onipresentes, os famosos influencers, que se aproveitam das redes sociais para usarem artifícios como forma de ganhar dinheiro fácil, enganando os incautos, seja pelo golpe financeiro ou o charlatanismo, vendendo produtos ou serviços não autorizados.

Governador é afastado; deputados suspensos ou perdendo o mandato, dirigentes do INSS presos, senador alvo de buscas, enfim, não há um só dia em que algum político ou celebridade deixe de aparecer na mídia sendo investigado com suspeita de crimes.

As polícias e o Ministério Público não param, porque os criminosos no Brasil não fazem recesso, nem tiram férias. A onda de desvios de conduta entrou na agenda diária e não respeita feriado, Natal ou Ano Novo. No caso de parlamentares e funcionários públicos, o cargo ou o mandato, de certo modo, servem como o um álibi para delinquir. Indicados por padrinhos políticos, gestores inescrupulosos e até funcionários concursados não se acanham de participar de esquemas engenhosos para subtrair dinheiro público. O pior é que são figuras que tomam posse nos cargos com um discurso de promessas que não se cumprem. E prometendo trabalhar para a população.

Policia prende influenciadorDizer que quadrilhas se instalaram no serviço público para enriquecer é o mínimo. Já não bastasse o fato de que o próprio mandato dá certas regalias aos parlamentares, alguns se servem do cargo para desviar recursos públicos, sem qualquer cerimônia. Ao fazer buscas nas residências dos acusados, dinheiro vivo é que não falta. Guardar em casa numerário, relógios, quadros famosos e até armas não constrange mais. É a marca da desonestidade.

Para o brasileiro que trabalha por um salário mínimo, enfrenta as agruras do transporte público todos os dias, a impressão é de que existe um laboratório de golpes e falcatruas instalado nas principais capitais do Brasil e em muitas cidades do interior, que resulta, no caso de órgãos públicos, da falta de gestão, de compliance e de governança. E até de vergonha. Porque, se hoje ocorrem desvios de milhões de reais surrupiados dos cofres públicos, seja por empregados ou gestores, é porque os controles não existem; ou porque os líderes são omissos.

A Polícia Federal multiplicou as ações nestes últimos meses. Pode parecer até um excesso de exposição. São operações que, em geral, não se referem a crimes descobertos este ano ou há meses. Muitas delas estão atingindo seu clímax agora, após uma longa apuração, que pode ter durado muitos anos. Os criminosos são muito criativos para usar métodos sofisticados que driblam os sistemas oficiais. Assim como as empresas se atualizam tecnologicamente, o modus operandi do crime também se sofistica.

O que o contribuinte não entende é como a Receita Federal e o COAF-Conselho de Controle de Atividades Financeiras, com sistemas tecnológicos bem avançados e muitos rápidos em apurar movimentações atípicas, não conseguem se antecipar aos desvios milionários desses acusados. Desvios e golpes, muitas vezes, que começaram há anos e de repente são descobertos.

As crises graves não se limitam a esse cipoal de golpes financeiros e prisões de políticos; as quadrilhas que roubam arquivos de dados pessoais criam empresas de fachada ou esquemas suspeitos para enganar a população, como ocorreu nos últimos anos, com os desvios do INSS, até o uso irregular das emendas parlamentares, com recursos aplicados em projetos suspeitos. O mais chocante desse cenário é a população se acostumar com a normalização do crime. Os relatos desses ilícitos entram nos lares dos brasileiros como se fossem um programa de TV. Sob o estigma de que "sempre foi assim". Máxima essa que precisa ser banida do imaginário popular. Não pode ser assim. A seguir, análise das outras crises, que marcam este ano.

Foto: Instagram da Polícia Federal.

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