seguranca_nos_avioesNão adiantou o stress de tirar brincos, cintos, sapatos, casacos e limitar o transporte de líquidos a 100 ml. A exemplo do que ocorreu em 11/09/01, a segurança aeroportuária internacional continua sendo driblada pelas táticas dos fanáticos terroristas, que elegeram o mundo desenvolvido como o inimigo nº 1.

Como admite a mídia americana, os terroristas adaptaram suas tentativas de burlar a severa vigilância dos aeroportos e continuam embarcando com material explosivo. Não bastasse a crise econômica das empresas aéreas, sempre às voltas com balanços negativos e subsídios governamentais, o aperto na segurança, determinado pelo presidente Obama e autoridades européias, vai aumentar o stress das viagens internacionais e afastar passageiros nos próximos meses.

Há uma máxima de segurança que preconiza: não existe segurança absoluta. Essa parece ser uma verdade cada vez mais atual depois do 11 de setembro. Nos EUA, as autoridades governamentais abriram uma investigação para saber por que o nigeriano Umar Falouk Abdulmutallab, de 23 anos, acusado de tentar explodir o avião da Delta Airlines, no dia de Natal, constava de uma lista de suspeitos de terrorismo e, mesmo assim, entrou nos EUA pelo menos duas vezes desde 2008. Por muito menos que isso, brasileiros e demais latinoamericanos são barrados na alfândega americana ou nem conseguem o visto de entrada.

Pois o Sr. Umar não estava na lista de restrições a voos ou escala nos EUA e ainda conseguiu o visto de turista na Embaixada americana, na Inglaterra, outro país que vive a síndrome de segurança tão ou mais forte que a dos americanos.  Para completar o absurdo do escorregão das autoridades de segurança, o acusado havia sido incluído num banco de dados do governo americano, desde que seu pai, um respeitado banqueiro nigeriano, alertou as agências de segurança, porque estava preocupado com as crenças radicais e conexões terroristas de seu filho. Ou seja, a crise que se instalou na área de segurança dos EUA deu sinais de que estava prestes a explodir. Literalmente. Alguém minimizou e cochilou.

Pobre dos passageiros, simples mortais que nada têm a ver com isso, e serão cada vez mais examinados, escaneados e despidos nos aeroportos da Europa e dos Estados Unidos. A forma como o acusado passou pela segurança aeroportuária da Europa, antes do embarque para os EUA, confundiu e deixou embasbacadas as autoridades e a própria segurança aeroportuária.

Um executivo de segurança dos EUA disse à CBS que a técnica utilizada pelo nigeriano não era conhecida das autoridades. Ele escondeu 80 gramas de um explosivo de plástico na sua bolsa, disfarçada embaixo do casaco. Ele então tentou acender o material injetando um líquido com uma seringa. Apenas acendeu uma chama, mas insuficiente para detonar, o que salvou o avião, com 280 passageiros, de um atentado tão violento quanto o da avião da Pan Am, em 1986, ou do WTC, em 2001.

Relatório preparado por agente da CIA sobre o nigeriano autor do ataque ao avião da Delta Airlines, foi ignorado. De acordo com reportagem do UOL Notícias, a agência de inteligência norte-americana não teria difundido o relatório de um funcionário, preparado depois de ele se reunir na Nigéria com o pai de Abdulmutallab. Apesar do alerta do pai do acusado, o nigeriano não foi incluído em uma lista de pessoas proibidas de voar. Na terça-feira, o presidente Barack Obama apontou uma combinação de “falhas humanas e sistêmicas”. Ou seja, houve uma falha em série.

Não é a primeira vez, após o 11 de setembro, que terroristas tentam praticar atentados em aviões ou transatlânticos. Tanto nos EUA, quanto na Inglaterra, estão presos acusados de tentar entrar em aviões com explosivos nos sapatos ou nas roupas.  Na Inglaterra, três homens estão presos acusados de um plano para explodir sete transatlânticos, com explosivos líquidos.  

Richard Clark, um  ex-agente americano de contraterrorismo disse à ABC News que a resposta à última ameaça é o escaneamento de todo o corpo do passageiro, segundo publicação do The Christian Science Monitor. Mas críticos da tecnologia chamam-na “strip virtual searches”, ou algo como rastreamento com strip virtual, porque ela geraria uma imagem muito detalhada da pessoa que está sendo escaneada. Ou seja, adeus privacidade. O aeroporto Schipol de Amsterdã, de onde se originou o voo do suspeito, está testando a tecnologia do scanner completo do corpo. Não se sabe ainda se Umar foi submetido a esse exame.

Republicanos do Congresso americano querem uma investigação rigorosa sobre por que o acusado, além de receber o visto de entrada na embaixada americana em Londres, teve tanta facilidade de viajar para os EUA, mesmo após seu pai ter alertado sobre as ações do filho. Especula-se que houve desleixo das autoridades de segurança que têm pelo menos 500 mil nomes bloqueados sob suspeita de ligações com células terroristas.

De qualquer forma, o episódio mostra que os dispositivos de segurança, não apenas dos aeroportos, mas de transporte de trens, metrô, ônibus e locais de grande afluxo de turistas não conseguem assegurar, ainda, tranquilidade às pessoas que circulam diariamente por esses meios e locais. A paranóia terrorista fez alguns jornalistas da mídia americana sugerir à administração de  segurança do transporte dos EUA que proibam, nos voos internacionais, os passageiros levantarem-se dos assentos uma hora antes do final do voo. Essa rotina já está sendo posta em prática por algumas empresas aéreas americanas.

Os passageiros não poderiam também ter qualquer objeto no colo, nem travesseiros e cobertores. Certamente, nem ir ao banheiro. Só porque Abdulmutallab deu a dica: 20 minutos antes do pouso, ele foi ao banheiro e, depois, colocou um cobertor sobre a cabeça, quando tentava detonar o explosivo e, assim, evitar reação dos passageiros.  Quem viajar para o exterior, portanto, prepare-se para mais stress. Tudo isso, até a próxima idéia original trazer outra crise à segurança dos aeroportos americanos e europeus.

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