Somente nos feriados de fim de ano ocorreram 45 mortes no trânsito do Rio G. do Sul. Em poucos estados, como RJ, MG e SP, houve redução no número das acidentes.   No Brasil, foram 455 mortes. A imprudência dos motoristas sobressai como principal causa de mortes nas rodovias.  Alguns motoristas estão sempre apressados, querem ultrapassar, mesmo em locais proibidos e extremamente perigosos. Um policial rodoviário de Porto Alegre definiu bem essa histeria coletiva: “As pessoas saíram ensandecidas de suas casas para viajar neste fim de ano”.
O Brasil vive uma guerra particular. Supera em número de mortes anuais as vítimas das guerras do Iraque ou Afeganistão.  São mais de 40 mil brasileiros que perdem a vida todo o ano de forma violenta no trânsito, um recorde em termos mundiais. Calcula-se o número de feridos em 400 mil, muitos incapacitados ou com lesões irreversíveis. Além de comprometer a força de trabalho, porque a média de idade da maioria dos acidentados fica entre 18 e 35 anos, o número de internações onera o sistema público de saúde, prejudicando os atendimentos de rotina. Nos países desenvolvidos, a média de morte no trânsito é de cinco pessoas por 100 mil habitantes. No Brasil esse índice sobe para 19 por grupo de 100 mil, sendo superior a 20 em várias capitais.
Mas por que o trânsito é como uma epidemia a dizimar jovens na idade mais produtiva, concorrendo apenas com as drogas? Não adianta culpar a má conservação das estradas, o excesso de veículos, a falta de campanhas ou procurar outras causas. Basta viajar alguns dias por estradas brasileiros para descobrir os principais culpados dos acidentes: os próprios motoristas. Percorremos 1.500 km em estradas do RS, próximas a Bagé, dias antes do Natal. Grande parte do trecho privatizado. Paga-se um salgado pedágio, mas em compensação, o estado das rodovias é excelente. Não há buracos ou defeitos que ameacem a segurança da viagem, como em outras regiões do país. Além do piso bem conservado, em geral as estradas são bem sinalizadas. Todas de pista simples, mas seguras.
E por que os acidentes? Excesso de velocidade é a principal causa, aliado a outros abusos como não dar sinal com pisca-alerta, ultrapassagens perigosas, sair da fila de ultrapassagem sem sinalizar, dirigir com luz alta, não reduzir a velocidade na pista molhada, cruzar a BR perigosamente, na frente dos carros e entrar na rodovia sem sinalizar. Tudo aliado à inexperiência de motoristas em férias. Somadas a esses deslizes, a impunidade pelos crimes de trânsito completa o quadro de descalabro das estradas nacionais. Nos feriados, raramente se avistava uma patrulha da Polícia Rodoviária. A farra regada a álcool e a sensação de impunidade são combustíveis que alimentam a tragédia brasileira e gaúcha.
Ou a legislação muda, para realmente punir crimes e abusos no trânsito, ou continuaremos a liderar essa macabra estatística de um país que se vangloria de ser líder em vendas de carros, mas que não sabe como ensinar seus condutores a lidar com esse brinquedo perigoso e implacável.
* João José Forni é jornalista e consultor de comunicação. Mantém o site www.comunicacaoecrise.com. E-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..

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